por João Victor Acioly
Do alto, a estátua em bronze de João Lins Vieira Cansanção de Sinimbu, o Visconde de Sinimbu, observa envergonhado o descaso daquela que leva seu nome. Refém de mendigos, assaltantes e feiras ilegais, a Praça Sinimbu se tornou local de presença desconfortante para visitantes e turistas, e principalmente para moradores e equipamentos culturais em seu entorno. Mas nem sempre foi assim.
Com mais de 100 anos de história, a praça foi símbolo de modernidade e ícone da arquitetura, onde famílias passavam os domingos a apreciar as sessões musicais do coreto e a sinuosidade de esculturas de figuras mitológicas. Em outros tempos, após redesenho na administração do prefeito Sandoval Cajú, a fonte do Menino Mijão, bancos e brinquedos em marmorite e painéis com mosaicos em forma de coqueiro, jangada, pescador, entre outras amostras da identidade alagoana, ainda tornavam convidativo o ambiente.
Fora da rota da administração pública desde 1992 – datada a última restruturação, durante a gestão Pedro Vieira –, o local sofre há alguns anos com um problema de maior abrangência: o acampamento de trabalhadores rurais. Sem o mínimo de saneamento, limpeza urbana e segurança, famílias passam semanas locadas na praça para cobrar ações e pressionar a superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) a tomar uma atitude. Desta vez a situação é realmente preocupante. Parte das famílias despejadas do Acampamento Cavaleiro, em Murici, estão acampadas na praça desde janeiro de 2011 e contribuem para a sujeira e depredação de território público.
O que se vê, no entanto, não é culpa exclusiva do Movimento Sem Terra (MST). Aimê Merine, coordenadora do acampamento, afirma que a limpeza urbana deixou de ser feita logo após a ocupação dos trabalhadores rurais na praça e só voltou a ser realizada no fim de fevereiro. A manutenção até então era feita pelos “moradores”, a fim de preservar a própria higiene e adquirir produtos recicláveis para venda. “Aqui tem muito rato. Não podemos deixar uma vasilha aberta que corre o risco de aparecer ratos lá”, conta a líder do MST.
O espaço físico é dividido também com a Feira de Artesanato Guerreiros de Maceió, relocada para a Praça Sinimbu pela prefeitura, no fim de 2010. Sem visibilidade, a queda nas vendas é de 95% em comparação ao último ponto, no Jaraguá, e parte dessa baixa, acreditam os artesãos, deve-se à imagem negativa da ocupação. “O problema é o cartão de visita. É uma imagem ruim que já perdura por um ano e dois meses”, pontua a artesã Hélia Miranda.
Diretora da Pinacoteca Universitária, Geisa Brayner lamenta a ocupação do MST ainda não ter sido remediada e critica a falta de atividade dos órgãos competentes para solução do problema. “Pessoas moram aí, então eles sujam com comidas, com dejetos e a praça fica feia, depredada. Praça não é lugar para isso. É lugar para encontro, para embelezamento da cidade, e não para moradia, e isso afasta as pessoas desavisadas”, pontua. No entanto, ela garante que eles são pacíficos. “Honestamente, eles nunca incomodaram”, conclui Márcia.
Madalena de Oliveira, Coordenadora do Núcleo de Ação Educativa do Museu Théo Brandão, conta que o que incomoda é o trânsito e o mau-cheiro causado pelo lixo produzido pelas famílias. Mesmo com péssima imagem causada pelos Sem Terra, a situação parece não ter prazo para ser solucionada. Em novembro foi anunciada uma proposta de compra de quatro imóveis na zona rural para abrigar um total de 100 famílias, que deveria durar no máximo seis meses para ser concretizada. Os recursos destinados a esta aquisição somam R$13 milhões, nos quais 20% seriam dados pelo Governo do Estado e os outros 80% retirados do orçamento do Incra.
De um lado, o Governo já alertou que sua parte é muito maior do que pode ofertar; do outro, o plano orçamentário do Incra foi reduzido em 70% pelo Ministério do Planejamento. Os trabalhadores se recusam a desocupar a praça enquanto não forem relocados para uma terra na qual possam chamar de sua, enquanto a sociedade, já habituada, assiste a todo esse desrespeito e luta de bandeiras como boa refém que é.
Ameaça camuflada
27 Apr 2012 2:57 PM (13 years ago)

Reserva florestal de Mata Atlântica do Parque Municipal sofre com a ação do homem
Por: Texto: Roberta Cólen / Fotografia: Lays Peixoto
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Parque Municipal proporciona tranquilidade aos visitantes |
Um paraíso ecológico que concentra árvores centenárias, fauna e flora em abundância, lago com jacarés, animais silvestres, viveiro, seis trilhas ecológicas, riacho, além do ar puro e contato com a natureza. Toda essa diversidade está à disposição para visitas no Parque Municipal de Maceió, no bairro de Bebedouro.
A área, uma reserva florestal da Mata Atlântica, tem aproximadamente 82,4 hectares e recebe cerca duas mil pessoas por mês. Mas quem visita esse cenário não se dá conta dos problemas que ameaçam o local. A ação do homem tanto dentro da reserva como no seu entorno, tem causado danos que ainda não são percebidos pelos visitantes mais distraídos.
São inúmeros os problemas existentes no local que vão desde poluição e roubo de animais a invasão de bandidos e extração de areia do Riacho do Silva. A área do parque é muito extensa e não possui nenhuma proteção com muros ao seu redor, o que facilita ação de criminosos.
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Esgoto e uma grande quantidade de entulhos poluem o Rio do Silva |
Durante dois dias, a dupla de estudantes do curso de jornalismo observou as belezas naturais e flagrou a ação do homem contra o meio ambiente. Foram horas de caminhada, espera e de investigação onde foi flagrado um caminhão extraindo toneladas de areia sem licença; lixo jogado às margens do Riacho do Silva; árvores cortadas, aparentando desmatamento e também muita vida, que luta para sobreviver junto à degradação.
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Funcionário reclama dos animais que são furtados do parque |
Um problema que o Parque Municipal carrega é a falta de respeito que muitos visitantes têm com a fauna do local.
De acordo com o funcionário da reserva - que trabalha no local há mais de 14 anos fazendo vigilância e monitoramento dos visitantes – José Cariolando, animais são furtados do Parque Municipal, como é o caso dos passarinhos das mais variadas espécies. Um deles, conhecido como Xexéu, está ameaçado de extinção.
Na falta de educação e consciência ambiental, crianças e adultos jogam pedras em muitos bichos, e dão comidas inapropriadas colocando em risco a vida dos bichos que vivem soltos na mata. É comum jacarés – que tem em média dois anos - serem encontrados mortos boiando no lago que fica na parte interna do parque. Para esses óbitos a principal explicação dos responsáveis da área, são a quantidade de lixo e as agressões sofridas pelos animais.
Segundo funcionários, o parque por ser uma área grande dentro da cidade serve ainda, como esconderijo de criminosos que tentam se esconder da polícia. Como a fiscalização no local é pequena, feita por apenas seis funcionários, a área se tornou ponto fácil. Três vigias ficam na portaria, um circula pela reserva e os outros dois ficam em uma casa de vigilância na área dos fundos do parque.
Na tentativa de garantir a segurança no local, uma moto foi disponibilizada para ajudar os vigilantes a percorreram com mais agilidade o parque, mas o veículo está parado por não ter gasolina. Para tentar inibir a ação dos bandidos, a Polícia Militar (PM) faz rondas a cada duas horas. Como o parque não tem câmeras é necessário que os visitantes passem por um “cadastramento”. O vigilante anota a placa do carro e a quantidade de pessoas que estão dentro do automóvel.
As alunas entraram em contato com a empresa J.A. Construções, mas a funcionária Andréia não soube informar da onde que a areia vinha ou se era licenciada. De acordo com ela, nenhuma pessoa da loja que pudesse falar sobre o assunto estava presente no local.
Riacho abastecia a cidade O Riacho do Silva, que abriga em suas encostas o Parque Municipal de Maceió, já serviu ao abastecimento de água para parte da cidade. Hoje, o riacho que tem dez nascentes está poluído com muito lixo e água de esgoto sendo despejados em sua margem, pelas casas da Chã da Jaqueira, que não tem saneamento básico.
O vigilante José Cariolando diz que os maiores responsáveis pela poluição do riacho são os moradores que vivem em construções irregulares num morro na parte de cima do parque. “Eles jogam água dos tanques de sua casa dentro das nascentes. Tem ainda o esgoto que deságua no riacho. É muito triste a diferença do parque de 13 anos em relação à hoje. É dolorido porque eu meu sustento vem desse lugar,” ressalta.
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Moradores do bairro de bebedouro fazendo extração de areia. |
A areia do Riacho do Silva está sendo retirada por pessoas que moram no próprio bairro de Bebedouro. No local, muitos dizem que fazem isso para evitar que o riacho transborde. “Se tiver muita areia, a água transborda quando chove. O pessoal que está desempregado preferiu se unir para ajudar a retirar à areia. Tem muito tempo que fazemos isso. Do outro lado, a prefeitura retira o lixo, deste (ao lado do parque) retiramos a areia,” diz um homem, que preferiu não ter o nome revelado.
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José Rubens diz está ciente da retirada de areia.
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Segundo o coordenador do Parque Municipal e diretor do Departamento de Jardinagem e Arborização da Secretaria de Proteção ao Meio Ambiente (Sempma), José Rubens, as autoridades estão cientes sobre a retirada de areia do Riacho do Silva. “O pessoal que tira a areia vende para alguma empresa. É a fonte de sobrevivência que eles têm. Estamos cientes, mas não é um problema, já que a areia sempre se renova. Os homens que estão lá fazendo o trabalho de extração nem deixam outras pessoas participarem. É como se eles tivessem tomado conta da área. Aquele é trabalho diário deles”, comenta.
Um homem que trabalha retirando areia das margens do rio, que pediu para não ser identificado, contou que a areia é vendida para uma empresa particular de nome J.A. Construções, que fica localizada no bairro do Poço. Ele ainda disse que o motorista do caminhão, que estava no local (de cor laranja e placa MUC – 9856, de Maceió), paga pelo trabalho a quantia de R$ 100 por caçamba cheia, e que a empresa vende a R$ 50 o metro de areia. “Uma quantia alta, levando em consideração que o caminhão tem aproximadamente 6,5 metros de comprimento da caçamba”, disse o homem.
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Caminhão utilizado no recolhimento da areia para ser comercializada. |
Caso de polícia Apesar de ser considerado um benefício para a comunidade pelo diretor do parque, a extração de areia é proibida, citada na Lei Federal de Proteção Ambiental nº 9.60, nos termos do seu artigo 44 que diz textualmente:
Art. 44. “Extrair de florestas de domínio público ou consideradas de preservação permanente, sem prévia autorização, pedra, areia, cal ou qualquer espécie de minerais”.
E as autoridades policiais estão atentas a essa irregularidade. O delegado responsável pela área, Roberval Davino, do 4º Distrito Policial, informou que já está investigando o caso. Comunicado pelas estudantes sobre a reportagem, o delegado resolveu acompanhar a dupla como medida de segurança, já que existem informações que as pessoas que trabalham naquela área são bastante perigosas.
Após o flagrante constato pelas estudantes, o delegado se comprometeu em realizar novas diligências, na tentativa de localizar os culpados.
O diretor do Instituto de Meio Ambiente ima Ricardo César confirma que a extração irregular de areia é um crime e que causa muitos danos ao meio ambiente. “Quem deseja retirar areia (um bem mineral) deve pedir três licenças ao IMA: a Prévia, a de Implantação e a de Operação”, informa.
Ele explicou que, logo após estudarem a área física para saber se suporta a exploração, funcionários do IMA encaminham o pedido ao Conselho Estadual de Proteção ao Meio Ambiente irão deliberar a licença para por fim, autorizar a retirada do material. “Mesmo após a autorização, é necessário que se faça um procedimento de recuperação da área danificada, chamado de Plano de Restauração de Área Degradada (Prad),” comenta.
Ricardo César ainda apresentou as conseqüências desse tipo de atividade. “A retirada de areia causa alteração na circulação das águas dos riachos; devastação da mata que fica nas margens; o leito corre o risco de ficar seco e fundo; a água pode ser contaminada com óleos e graças se a draga (material utilizado para retirar à areia) não estiver em boas condições; além da falta de água para animais e possíveis acidentes durante a exploração,” finaliza o ambientalista.
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Casal faz caminhada no parque municipal já há 10 anos
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Visitantes desconhecem problemas Para os que fazem caminhadas ou trilhas no parque, o contato com a natureza é importante. Muitos deles desconhecem os problemas existentes no local. A exemplo do casal, Nora Pollyanne e José Lima de Oliveira, que frequenta a reserva há 10 anos e, com o grupo de crianças, costuma ir ao parque de bicicleta só para poder estar em contato com a natureza.
Nora Pollyanne, comenta que a caminhada de rotina é a melhor opção para deixar a saúde em dia. “Aqui o ar é puro. Não é sempre que a gente consegue vir pela manhã, mas sabemos que ao meio-dia não tem sol porque as árvores são muito longas e cobrem os raios. É fresquinho. Agora mesmo acabamos de ver uma raposa. Nunca tivemos problemas algum em fazer caminhadas por aqui. Ganhamos mudas de vez em quando e vamos contentes para casa”, observou.
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Jovens fazem passeio de bicicleta pelo parque |
Já para os adolescentes de 12 anos, Josemar William e Murilo Maxwell, o que agrada mesmo é fazer trilhas com bicicletas. “Aqui é calmo para a gente fazer trilha. Com certeza é muito melhor do que ficar em casa jogando vídeo game. A gente já enjoou dos jogos, mas daqui a gente não enjoa nunca. Vem mais 20 meninos fazer trilha quase todo dia. Todo mundo é do bairro e a gente adora.
Até futebol a turma prefere jogar no parque” comentou um dos jovens.
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José Cariolando se emociona ao falar da importância do parque em sua vida |
José Cariolando comenta emocionado o quão importante o parque é para a sua vida “Aqui é a minha casa, não tem lugar onde eu me sinta melhor. Ambiente limpo, com pessoas legais, passarinhos cantando... Tenho convicção que minha saúde é excelente se comparada com a dos meus colegas que vivem em meio à poluição da cidade. O parque já faz parte de mim e eu dele,” completa.

Projeto transforma pescadores do município de Coqueiro Seco em produtores da valiosa própolis vermelha
Por: Anna Carolina, Iniale Gusmão e Mayane Paiva
Às margens da Lagoa Mundaú, o pequeno município alagoano de Coqueiro Seco sempre foi conhecido pela cultura popular, a banda de música e o ofício dos pescadores.
Mas essa história vem mudando na última década com os bons resultados do projeto Pescadores de Mel, do Instituto Lagoa Viva. Colocadas em prática em 2006, as ações de apicultura, educação ambiental e manejo de enxames foram implantadas também em Marechal Deodoro e Barra de São Miguel. Mas apenas Coqueiro Seco seguiu em frente e transformou a vida de muitos pescadores da região lagunar.
No início eram 25 pescadores, hoje o trabalho conta com 15. Muitos preferiram voltar à atividade da pesca ou buscar outros trabalhos para garantir o sustento da casa.
De acordo com Alexandre Andrade, Técnico em Informação do Lagoa Viva, a capacitação é o primeiro e o maior passo para o sucesso dos que acreditaram e apostaram no projeto.
Ele também destaca a busca de parceiros, como o Banco do Brasil. Juntas, as duas instituições não só preparam os pescadores para uma nova profissão, como também doaram as roupas especiais utilizadas no manejo dos enxames, a estrutura de colméias artificiais e o apiário.
“Só o jaleco custa R$ 350. No geral, cada conjunto completo sai por R$ 800. Sem ajuda, eles não teriam condições de iniciar a nova atividade”, ressalta Alexandre.
Dos criadouros de Coqueiro Seco é extraída a própolis vermelha, existente apenas nas regiões próximas a mangues. O produto tem 80% de fator de cicatrização, o que colabora no tratamento do câncer e vem sendo estudado pela comunidade científica.
“O Dr. Severino Matias, professor da PUC de São Paulo, descobriu o poder curativo da própolis vermelha, que só existe nas regiões próximas a mangues, como é o nosso caso. Ela é importante no tratamento de oito tipos de câncer”, conta José Edvaldo Cabral, um dos mais antigos pescadores que participam do projeto.
Matéria Bruta
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Própolis vermelha bruta
Crédito: Ana Carolina |
Para a venda, a própolis vermelha bruta é colocada dentro de um frasco com álcool e lá fica por noventa dias. Só após esse período pode ser comercializada.
Segundo José Edvaldo, a situação deve melhorar bastante graças às pesquisas que estão sendo feitas sobre o produto. “Os japoneses estão muito animados com o que é produzido aqui; eles só procuram o que é melhor”, diz Edvaldo, que também produz cerca de uma tonelada de mel por ano.
O próprio Edvaldo garante já foi beneficiado com os efeitos curativos daquilo que produz. “Tinha um problema no joelho que ‘ganhei’ trabalhando na lagoa. Melhorei depois de consumir todos os dias a Geléia Real, produzida nas suas próprias colméias”, conta o pescador. “Quando a gente pensa em abelha, lembra só do mel. Mas não é só isso não”.
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Sabonetes produzidos a base da própolis vermelha
Crédito: Ana Carolina |
Além disso, os pescadores de mel também produzem outros artigos, como sabonetes. “Eles são ótimos para vários problemas de pele”.
Apesar de todos os benefícios e lucros, o projeto Pescadores de Mel esbarra num problema crucial: a negociação. “Para exportar, nós dependemos de um atravessador mineiro. Parte do lucro fica em Minas Gerais e São Paulo”, diz Edvaldo. “Além disso, nosso produto ainda não pode ser patenteado como medicinal por falta de uma associação que nos represente.”
Para tentar amenizar os problemas, agora eles estão se organizando para fundar a Associação dos Apicultores de Coqueiro Seco.
Outra questão importante enfrentada é a preservação da Lagoa Mundaú e seus mangues, indispensáveis para a continuidade da produção da própolis vermelha.
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Pescador José Evaldo e o Edywan Silvestre,
coordenador do Lago Viva em Coqueiro Seco
Credito: Ana Carolina |
Nesse sentido, estão empenhados no desenvolvimento de um projeto para a preservação de uma planta típica do habitat, que evita a poluição e o assoreamento que estão se tornando comuns nas margens das lagoas.
O Rabo do Bugio (Dalbergiae Castophyllum) será de grande utilidade para preservar os manguezais, por ser totalmente adaptável ao ecosistema de Coqueiro Seco. “Conhecemos a dura realidade da poluição e sentimos na pele suas consequências. Por isso, não podemos deixar de investir em preservação e educação ambiental”.
Mas o raio de atuação do Instituto Lagoa Viva em Coqueiro Seco vai além do projeto Pescadores de Mel. “Estamos desenvolvendo outros trabalhos de educação ambiental com adolescentes. Faz parte do novo foco de atuação do Lagoa Viva a formação diretamente dos alunos, e nossa cidade foi contemplada com a participação nesse novo momento”, comemora Edywan Silvestre, coordenador do Lagoa Viva no município de Coqueiro Seco.
Os trabalhos de educação ambiental sempre foram bem ativos no município. Ele conta que já foram realizadas várias ações para a preservação das nascentes, de conscientização e preservação da lagoa e contra o lixão local. “Passamos por um período de baixa e alguns projetos quase acabaram. Mas agora estamos renascendo”.
O Nascimento
O Instituto Lagoa Viva nasceu da necessidade de disseminar o ensino da Educação Ambiental no Estado, em 2001, graças às novas regras da Lei de Diretrizes e Bases da Educação.
Em Alagoas foi criado, a princípio, o Projeto Lagoas, e pertencia a Secretaria Estadual de Educação. Contemplava as cidades do complexo lagunar Mundaú-Manguaba e era limitado de recursos financeiros.
Por causa dessa limitação, houve a busca por patrocínios para a realização dos projetos. Com o apoio da iniciativa privada os trabalhos cresceram. Como o projeto deu resultados positivos, começou a chamar a atenção e ser requisitado por outros municípios que não faziam parte do estuário lagunar Munguaba.
Surgiu a necessidade de consolidar os trabalhos, abordando os outros ecossistemas existentes em Alagoas. Em 2003, nasceu o Lagoa Viva, enquanto instituto, que visa a capacitação dos profissionais da educação para o ensino ambiental.
Para atuar em um determinado local, as secretarias municipais de educação solicitam a presença do Instituto.
No ano passado foram promovidos 170 projetos em 38 municípios. O trabalho é, predominantemente, nas escolas públicas, mas também é feito em instituições de ensino particulares.

Por que a população jovem tem pouco interesse por questões relacionadas ao meio ambiente e a práticas sustentáveis
Por Fernando Nunes e Nathália Conrado
O Brasil está a dois meses de sediar a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio + 20, que acontece na cidade do Rio de Janeiro em junho deste ano, vinte anos depois da Cúpula da Terra – onde países aprovaram um plano para repensar o crescimento econômico, promover a equidade social e assegurar a proteção ambiental, conhecido como Agenda 21.
Esta é a primeira oportunidade para muitas jovens (de 18 a 35 anos), que eram crianças ou não haviam nascido na época (1992), de pensar sobre temas ligados a meio ambiente e desenvolvimento sustentável de uma maneira mais profunda, com todas as esperanças depositadas nas mãos daqueles que levarão o Brasil adiante nas próximas décadas. Mas como será que o jovem vê essa questão?
Apesar de temas ligados ao meio ambiente fazerem parte do cotidiano da população jovem do país, inclusive de Alagoas – onde existe uma grande quantidade de pontos de preservação ambiental -, a relação dessa faixa etária da população com a temática não parece ser das melhores. Pelo menos é o que comprava uma ampla pesquisa feita no primeiro semestre de 2009 pelo Instituto Akatu - pelo Consumo Consciente.
A pesquisa Estilo Sustentáveis de Vida, integra o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e foi realizada com jovens de todas as classes econômicas residentes em várias regiões metropolitanas do país, revelando o perfil de um jovem e adulto que troca o convívio social pela internet e que necessita de estímulos para as praticas sustentáveis, apesar de ter percepção das mudanças climáticas.
(Fonte: Instituto Akatu)
Dados da pesquisa mostram que 86% dos jovens brasileiros possuem baixa consciência ambiental, realidade que se reflete ainda hoje em Maceió entre a população com mesma faixa etária da amostragem pesquisada. Eles têm os mesmos hábitos e apontam as mesmas preocupações prioritárias levantadas no estudo. Uma prova de que a atitude do jovem mudou pouco ou não mudou ao longo desses três anos.
“O maior debate que nós temos em minha sala de aula é o pouco interesse dos universitários em discutir assuntos relacionados ao meio ambiente”, diz a estudante do último ano de gestão ambiental do Instituto Federal de Alagoas (IFAL), Letícia Pascoalino, 20 anos. “Existe um conflito de interesses entre consumo e sustentabilidade onde o primeiro sempre vence a causa jovem”.
Para Letícia a discussão do tema entre os jovens é muito fraca, sem nenhum tipo de aprofundamento que realmente atraia a atenção do mesmo. “Já estive em muitos debates sobre o assunto que parece estar estagnado na questão do lixo e da reciclagem. Tudo é sempre discutido de maneira superficial pelas pessoas da minha idade, que não enxergam o consumo como grande gerador de resíduos”, ressalta.
As relações de desinteresse
A estudante é mais uma das que acreditam que a realidade do jovem apático a temas relacionados à sustentabilidade só pode ser vencida com ajuda da sociedade civil organizada que, segundo ela, é a única que pode ser capaz de incutir no jovem, por meio da informação correta, o desejo de ter uma vida de práticas sustentáveis.
“O jovem precisa entender que as pessoas que moram as margens da Lagoa Mundaú estão em um mesmo nível de degradação do meio ambiente que aqueles que constroem os grandes condomínios de luxo. Ambos poluem achando que outro faz pior”, desabafa a estudante descrente que a Rio + 20 possa mudar ou alterar essa dinâmica tão depressa.
A pesquisa Estilo Sustentáveis de Vida aponta ainda, que quando perguntados em nível de prioridades mais importantes para a melhoria de vida, os jovens indicaram em maiores índices o combate à criminalidade com 35% das opiniões. A questão da degradação ao meio ambiente ficou em 4º lugar com apenas 11%. Embora as questões ambientais fiquem representadas de forma secundária nas prioridades, ela ainda está em “pauta”. O problema parece ser a qualidade e a utilidade da informação oferecida pela mídia com relação ao assunto, que segue a agenda pública.
Sócioeconomia x sustentabilidade
Segundo o levantamento de 2009, os jovens que mais se importam com o meio ambiente e que aderem a um modo sustentável de vida, estão inseridos nas classes A e B, com maior acesso a informações práticas sobre o tema. Já os que menos se importam, estão nas classes C e D, onde há condições de educação diferentes, critério que determina o interesse pelo assunto e ações conscientes. É o que exemplifica a tabela abaixo:

(Fonte: Instituto Akatu)
Para a líder do Processo de Sustentabilidade da Eletrobras Distribuição Alagoas, Ylmara Torres, é inadmissível que um jovem não tenha consciência crítica e se anule diante das condições atuais. “Falamos em sustentabilidade a todo o momento, unicamente porque estamos vivendo a insustentabilidade” afirma.
Ylmara comenta que a situação socioeconômica de Alagoas é um dos fatores que fazem a questão ambiental não prioritária para os jovens, segundo ela, descrentes da causa, “Alagoas tem cerca de 50% da população abaixo da linha da pobreza, fica difícil preocupar-se com outros assuntos, quando não se tem qualidade de vida”. Analisa, e completa refletindo sobre o futuro. “Se continuarmos assim, em 40 anos teremos que ter 3 planetas, iguais a este, para dar continuidade a espécie humana” enfatiza.
Desinformação ambiental
Em uma análise feita com estudantes de uma faculdade privada de Maceió, entre 20 e 28 anos, percebe-se que apesar do volume de informação, eles não são atraídos pelo tema, ou seja, não há a preocupação de criar um equilíbrio entre desenvolvimento econômico e responsabilidade ambiental.
“O ser humano não se importa com o próximo. Quando o problema não incomoda de forma direta, ignora, e fica à espera de alguém que tome uma atitude”, afirma a estudante de jornalismo, Roberta Colén, 20 anos, que confessou não pensar em sustentabilidade com freqüência.
De acordo o diretor presidente do Instituto Akatu, Helio Mattar, a colocação de Roberta parece pertinente, dentro do processo de individualização do jovem. Ele acredita que através das redes sócias essa população possa fazer um contraponto à ausência nas organizações sociais. Aspecto que acha que deve ser objeto de estudo.
“Eu tento fazer as mínimas coisas como, separar o lixo, economizar água e energia, porém sinto que minha ação significa muito pouco diante dos problemas tão grandes que aparecem na mídia”, lamenta o estudante Evandson Batalha, 28 anos.
Outra realidade preocupante é a do Instituto Federal de Alagoas (IFAL), que está encerrando este ano sua primeira turma do curso Técnico em Meio Ambiente. No início do curso a turma contava com cerca de 40 alunos, porém hoje apresenta um número de evasão que atinge 50%, dado que reforça o desinteresse do juvenil.
“Quase nunca temos aulas práticas, os professores não oferecem bons conteúdos nas disciplinas, às vezes chegam a falar que não há muito que se discutir em sala de aula”, desabafa a estudante Alexandra Ambrósio, 17 anos, sobre a precariedade do curso e o motivo da desistência de seus colegas. “Meu objetivo é me qualificar e levar conhecimento à sociedade de hoje, pois as próximas gerações dependem deste esforço”, completa.
O caminho para melhora
A mídia e a academia têm um papel fundamental para ampliar o interesse sobre a temática ambiental. A academia vem de certa forma adequando suas matrizes curriculares, contemplando essa problemática e buscando expandir a discussão sobre questões importantes, é o que indica a professora do Centro Universitário Cesmac, Silvia Falcão, jornalista por formação, que ministra disciplinas como Assessoria de Comunicação e Sociedade e Meio Ambiente.
“Temos poucos espaços destinados a discutir o meio ambiente e este só ganha destaque na mídia quando em eventos negativos, sob a ótica de grande causador de danos, a discussão deveria ser outra”, defende a professora, que acredita que a mídia precisa ampliar a cobertura da temática ambiental e criar espaços para atividades práticas e simples. “É preciso questionar mais a participação do homem na degradação e o papel da educação ambiental nesse contexto econômico em que vivemos”.
Para todos os entrevistados, a mudança de atitude passa pela informação. Um volume maior de informações práticas sobre estilos de vida sustentáveis faria com que eles próprios adotassem novos hábitos. Isto coloca em cheque a qualidade e o modo como todo o assunto desta reportagem é tratado na mídia. Não adianta apenas falar sobre preservação, lixo e reciclagem, os jovens precisam se sentir parte disso. A resposta clara que se tem ao conversar com eles, é que o problema não é a falta de informação, mas a relevância dela diante de outros assuntos.
Muito comércio e pouco exercício de Educação Ambiental
Por: Karina Moura
A iniciativa de reciclagem que predomina em Alagoas é comercial. Os depósitos que compram e vendem o material reciclável estão espalhados por vários bairros da capital. Existe uma população de catadores que sobrevivem de uma renda formulada a partir dessa coleta. No entanto, a Educação Ambiental não é prioridade no estado.
O projeto que desenvolvia em suas atividades essa perspectiva educacional deixou de presta-la por falta de estrutura. Depois de um incêndio na sede da ONG Pitanguinha Minha Vida em 2008, poucas pessoas sabem sobre sua continuação, que se dá entre a falta de equipamentos e estrutura, realizando a ação da qual foi pioneira na cidade. A coleta seletiva.
Segundo a coordenadora da ONG, Helia Coelho da Paz, nem sempre o funcionamento desses depósitos se dão forma adequada. Algumas medidas deveriam ser sempre tomadas. Por exemplo, o material deve ser acondicionado para evitar o acúmulo de insetos e ser isento de exposição, para que não se desgaste e, consequentemente se desvalorize. Por isso, mesmo não deixando de ser importante a coleta seletiva, a educação ambiental é primordial e precisa ser priorizada.
As políticas públicas do país não permitem investimento na educação e na preservação do planeta. Helia diz, “Todos nós sabemos que quanto mais sujeira, mais o governo investe na coleta do lixo. Assim, arrecadam, controlam e recebem de organismos sociais que aplicam seu dinheiro para a conservação do planeta”.
Disse ainda, que o processo de reciclagem é feito fora do estado, pois Alagoas não contempla esse ramo. As empresas não coletam. São as ONGs, incluindo as cooperativas, que fazem esse trabalho. Manuel Dome, um dos donos de um depósito de compra e venda de material reciclável, localizado na entrada do bairro Santos Dumont, vende o material para empresas de Recife e Aracajú. Ele disse que algumas empresas que fazem o processo de reciclagem começaram a surgir no estado, mas que devido aos juros altos, ainda predomina a exportação.
Para Helia a maior dificuldade é a resistência das pessoas. “Alguns pensam que porque têm dinheiro podem jogar seu lixo em qualquer lugar. Outros, que por não tê-lo não precisam ser educados, levar e colocar o material em local apropriado. Quando somos educados à não jogar nosso material em qualquer lugar, com certeza evitamos acúmulo de insetos e animais que promovem doenças”. Enquanto medidas de Educação Ambiental não forem adotadas a população continuará indiferente a preservação consistente e consciente.

Pajuçara, Ponta Verde, Jatiúca e Cruz das Almas, principais praias e pontos turísticos da cidade, estão se transformando em verdadeiros depósitos de lixo, causando transtornos e comprometendo a vida marinha e a saúde de banhistas e comerciantes
POR ISLEY TENÓRIO E MARCEL VITAL
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Esgoto e banhistas se misturam na praia de Ponta Verde
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O cenário convidativo de sol abundante, águas mornas em tons de verde e azul e coqueirais é um atrativo e tanto para quem busca relaxar e esquecer os problemas do dia a dia. A vista privilegiada chama a atenção não só de turistas, mas também dos moradores.
Sob outro ângulo é possível observar com olhar mais atento um cenário transformado. Em pouco tempo percebe-se uma variedade de sujeira, desde embalagens plásticas, restos de cigarro, latas de alumínio, papel até seringas e preservativos que são usados e jogados na clara areia da orla marítima de Maceió. O descarte inadequado de lixo no local tem colocado em risco à saúde de quem pratica atividades físicas, gosta de observar a paisagem e de famílias inteiras que, muitas vezes, têm a praia como única opção de lazer após uma semana de trabalho. Eles precisam de atenção redobrada para não se contaminar nem se machucar.
Frequentadora da praia de Pajuçara, a costureira Dalva da Silva, acabou sendo vítima dessa situação. Após o contato com a areia contaminada, ela contraiu um germe causado pelas fezes de cães. “Foi uma luta pela vida, tive que tomar antibióticos para melhorar”, conta.
A presença de animais domésticos, principalmente cachorros, é frequente nas praias. Segundo Dalva, é constante ver donos alimentando os animais. Ela reclama que muitos não têm a preocupação de levar sacolas plásticas para o recolhimento de restos de comida e as fezes que ficam na areia.
Outro problema que a banhista critica é a presença de pombos. Os restos de alimento que são deixados na areia é um atrativo para essas aves e um risco à saúde para quem costuma ir à praia. Hoje curada, ela se diz uma sobrevivente e procura ter mais atenção nas praias que costuma ir. Sentar na areia sem a devida proteção e tomar banho de mar são hábitos do passado.
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Falta de lixeiras na areia e
falta de educação dos banhistas: lixo por toda parte |
Materiais cortantes são também grandes vilões para quem precisa trabalhar ou se entreter. Segundo comerciantes que não quiseram ter seus nomes revelados, não raro encontrar nos finais de semana banhistas, em sua maior parte crianças, se cortarem com garrafas de vidro, tampinhas de cerveja e até com palitos de churrasquinhos que são enterrados nas areias.
“Você vem à praia para se divertir e acaba se machucando. É um absurdo e o poder público não faz nada para mudar essa situação”, reclama um comerciante da praia de Ponta Verde, que trabalha no local há quase uma década.
AUSÊNCIA DE LIXEIRAS, EDUCAÇÃO E FISCALIZAÇÃODe acordo com Fernando Antônio e Manuel Bezerra, garis da empresa Viva Ambiental, a ausência de contêineres e lixeiras em pontos estratégicos nas areias das praias contribui ainda mais para o descarte de lixo. As limpezas feitas diariamente, distribuídas em três turnos não atendem à demanda da população, sobretudo durante o verão e feriados, quando o fluxo de pessoas aumenta nessa época.
Para Fernando Antônio, se os banhistas colaborassem recolhendo o lixo, a orla seria um local mais limpo, bonito e melhor. “Não é porque eu sou gari que vou trazer minha esposa e meu filho para um lugar sujo”, indigna-se.
Eles reivindicam que se existisse fiscalização facilitaria o trabalho, por vezes, o serviço se estende porque catadores rasgam os sacos de lixo nos coletores em busca de latas de alumínio para a venda em ferros-velhos.
Segundo o Diretor de Fiscalização da Superintendência de Limpeza Urbana de Maceió (Slum), Adilson Souza, o número reduzido de contêineres é justamente para evitar que o local se converta em um “lixão” e cause maiores transtornos. Sobre a implantação de lixeiras mais próximas às areias, o diretor garantiu que uma equipe irá ao local para verificar onde poderão ser implantadas, mas não disse quando terá início.
Ele vê como medida paliativa a distribuição de sacolas plásticas, durante os finais de semana, visando conscientizar a população na tentativa de amenizar o problema. No entanto, essa medida até o fechamento da reportagem não tinha sido colocada em prática.
Para a comerciante Eliene Marcelino, que atua na venda de churrascos, bebidas, aluguel de cadeiras e guarda-sóis, todos os ambulantes firmaram acordo com a prefeitura de Maceió para manter limpo o local onde trabalham.
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Garis dizem que é necessário fiscalização para manter as praias limpas
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Segundo ela, a falta de organização acontece por parte de uma minoria. Eliene explica que para cada banhista que aluga as cadeiras é disponibilizada uma lixeira, mesmo assim, alguns acabam descartando o que consomem na areia.
Perguntada como ela imagina as praias num futuro próximo, ela responde que se houver fiscalização do poder público e investimentos visando à conscientização, principalmente com a população alagoana, pode ser que ocorram mudanças significativas. Porém, se a situação se prolongar, o cenário pode ficar igual ou pior que as praias da Avenida e do Sobral.
O turista Edmilson Bezerra, de Itapetininga, interior de São Paulo, se diz preocupado com a situação das praias de Maceió. Visitando a cidade pela quarta vez, ele conta que todas as vindas é uma surpresa diferente.
“Como se já não bastasse os copos descartáveis, os saquinhos plásticos e os palitos de sorvete; tive que presenciar também, preservativos usados boiando na água. É revoltante, um fator negativo para a própria cidade.”
Já para Ana Brás, turista de São Paulo, que morou em Maceió durante anos, a situação das praias, em especial a de Cruz das Almas, é lamentável. “Não tenho coragem de entrar nessas águas”, esbraveja.
O motivo é o lançamento de esgotos que formam as chamadas “línguas negras”. A turista se diz incomodada com a ausência de lixeiras próximas à areia e placas sinalizadoras que indiquem que aquela determinada área está própria ou imprópria para banho.
“Acredito que a educação ambiental, enquanto atitude, tem que começar com os governos, pois não adianta educar cidadãos nas escolas se a administração pública não facilita e não muda a estrutura”.
A turista ainda compara a realidade da orla de Maceió com a antiga situação do litoral do município de Praia Grande, no estado de São Paulo. Ela relata que era constante encontrar grandes quantidades de lixo nas areias e que a prefeitura obteve resultados satisfatórios ao aumentar o número de profissionais de limpeza, investimentos em campanhas, além de medidas como a implantação de placas e lixeiras mais próximas dos banhistas.
O BELO MAR POLUÍDO O problema da poluição vai muito além do que é descartado nas areias, compromete também a vida marinha, colocando em risco animais indefesos como as tartarugas, principais vítimas da ação do homem. Plásticos, pedaços de nylon e até partes de computador são os itens mais encontrados dentro do estômago desses animais.
A bióloga Aliete Bezerra, uma das fundadoras do Instituto Salsa de Praia, uma ONG que trabalha em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Alagoas (CBMAL), explica que as espécies com maior índice de mortandade são a Chelonya Mydas, também conhecidas como tartarugas-verdes.
Segundo ela, como não conseguem diferenciar o que é alimento e o que não é, as tartarugas acabam ingerindo, em sua maior parte, plásticos ao invés de algas, que são um dos alimentos básicos para a sobrevivência desses animais. Ainda de acordo com a bióloga, por ser um material que não é biodegradável, o plástico se acumula dentro do organismo, dando a sensação de saciedade, por isso, muitas terminam morrendo.
Bezerra esclarece que, em casos de pneumonia causada por bactérias presentes no lixo, a equipe consegue reabilitar o animal devolvendo para seu habitat natural, mas quando há a ingestão por plástico é quase inevitável porque eles não conseguem retirar o material de dentro do organismo.
Não somente as tartarugas que sofrem por conta da poluição, mas também as aves. O albatroz-errante, ave da família Diomedeidae, ingere em sua maior parte, tampinhas de garrafas plásticas e pedaços de nylon. De acordo com Aliete, quando a fêmea regurgita a comida para alimentar os seus filhotes, eles engolem esses materiais e terminam morrendo.
A poluição produzida pelo homem e o aumento das temperaturas na Terra têm provocado também a morte dos recifes de corais, organismos que vivem em simbiose com algas microscópicas, presentes no seu tecido, dependem da intensidade luminosa para viver. Segundo César, quando o plástico ou outro material estão presentes nos corais, a transparência e luminosidade que chegam até eles diminuem, e muitos acabam morrendo em função do bloqueio da luz.
CUIDADO! De acordo com o Diretor Técnico do Instituto do Meio Ambiente (IMA), Ricardo César, o descarte de plásticos, latas de alumínio, garrafas de vidro, entre outros materiais, não influenciam na balneabilidade das águas. No entanto, quando banhistas e animais de estimação entram em contato com a água do mar, fazendo suas necessidades fisiológicas, a exemplo das fezes, acabam interferindo na análise.
A Escherichia Coli, bactéria presente na flora microbiana intestinal de humanos e da maioria dos animais de sangue quente, é encontrada normalmente nas fezes, sendo um indicativo na hora da coleta da água.
Conforme o Diretor Técnico do IMA, o processo de análise da balneabilidade segue a Resolução CONAMA n°274, de 29 de novembro de 2000, que estabelece o critério da qualidade da água própria para banho, quando 80% ou mais de um conjunto de amostras obtidas em uma das cinco semanas anteriores, colhidas no mesmo local, não exceder um limite de 1.000 NPM (Número Mais Provável) de coliformes termotolerantes (fecais) por 100ml da amostra de água.
As praias são consideradas impróprias, quando não obedecer ao critério anterior ou quando venha apresentar na última semana um valor superior a 2.500 coliformes termotolerantes.
Os banhistas que frequentam as praias impróprias desconhecem o problema. “Não estou sabendo, se soubesse nem entraria e também não sei quais são as adequadas para banho”, diz a banhista da praia de Jatiúca, Denazilda Nascimento Neta.
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Moradores de Maceió e turistas na praia da Pajuçara
ficam indignados com esgoto a céu aberto |
Sobre a ausência de placas sinalizando os trechos impróprios para banho, César explica que existiam, mas que foram retiradas devido aos constantes atos de vandalismo. E denuncia que muitas eram quebradas e até queimadas pelos comerciantes que as retiravam com medo de perder seus clientes.
Paisagem que está sendo destruída unicamente por falta de cuidados. Até quando veremos animais tentando vencer obstáculos na busca pela vida? Quando o homem irá se dar conta das cicatrizes deixadas por suas ações? “A natureza é humana e nós somos a natureza. É uma troca”, diz a turista Janete Viana, do Paraná. Uma tarefa árdua, que dependerá não só das autoridades, mas principalmente da sociedade. Um problema que poderia ter sido evitado.

Texto e Fotos: Fabyane Almeida - 8º período Jornalismo
Uma ideia e várias ações. Foi o suficiente para mudar a realidade de 23 famílias da pequena comunidade de Tatuamunha, localizada há 110 quilômetros de Maceió, em Porto de Pedras. O reaproveitamento da garrafa pet e os passeios de observação para os turistas conhecerem o peixe-boi, além de gerar renda para a comunidade criou um consciência ambiental baseada nos princípios de cuidar do bem natural.
Conhecida por poucos, a Associação dos Ribeirinhos Amigos do Meio Ambiente (Aribama), foi idealizada pelo presidente Cícero de Oliveira, há 5 anos, mas constituída como associação há apenas 3, quando ganhou novos rumos. “De início a ideia era apenas realizar os passeios com os turistas para que eles pudessem ver os peixes-boi, mas quando a maré baixava viamos à quantidade de lixo e garrafas que tinha nas margens do rio, então passamos a limpar para depois realizarmos o passeio”, contou Cícero.
“Começamos então a conscientizar os pescadores para não jogarem lixo no rio. Encontramos as garrafas e pensamos em como reutilizá-las, daí surgiu à arte reciclada. Agregamos primeiros os pescadores, depois as pessoas que não tinham emprego, alternativa como fonte para gerar renda. O nosso objetivo era mostrar que a garrafa pet pode ser transformada em arte e isso nos conseguimos”.
PRODUÇÃO RECICLÁVEL DO ARIBAMA
Foi com a intenção de limpar o Rio Tatuamunha que Cícero e um grupo de amigos começaram a recolher as garrafas pets que ficavam a margem do rio quando a maré baixava, mas ele mesmo notou que a própria garrafa poderia ser reutilizada gerando renda para muitas famílias. "Nós cuidamos do meio ambiente através da reciclagem da garrafa pet, com passeios de observação do peixe boi e conscientização ecológica nas escolas através de oficinas que fazemos os alunos das escolas estaduais e municipais da região: Porto de Pedras, São Miguel dos Milagres e das redondezas”.
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Artes Aribama |
A produção de arte varia entre R$ 3,00 a R$ 50,00, já foi para fora do Brasil e isso já se tornou algo frequente. De acordo com Marcos da Silva, diretor do Aribama, existe uma variedade de produtos que os artesões produzem com a garrafa pet. “Produzimos vassouras, fios, redes de vôlei, flores, globos, luminárias, curtinas, borboletas, carrinhos de brinquedo. Já com as garrafas amassadas que geralmente ninguém usa, nós transformamos em peixe e cavalo. Várias peças já foram para: Dinamarca, Holanda, China, Espanha, Portugal, Itália, Coreia, Japão. Sem contar que no vestido usado pela miss Alagoas, no concurso do miss Brasil foram produzidos pelo Aribama 220 flores de pet que ficaram presas no vestido”, explicou.
Uma garrafa pet faz 20 metros de fio rede e 55 metros de linha 10 de pesca comum. “Nós já conseguimos enviar duas redes para o Flamengo no Rio de Janeiro, eles vão testar a resistência da rede, se aprovada será utilizada em toda estrutura. A pet é mais resistente que o nylon comum”, enfatizou Cícero de Oliveira.
A estrutura da Associação é pequena, a maioria dos trabalhos são feitos a mão, apenas as vassouras são confeccionadas em máquinas artesanais, mas todos buscam melhores condições de trabalho e máquinas mais modernas para inovar nas artes. “Estamos entrando em contato com uma empresa no Japão para que haja a doação de uma máquina que produz uma fibra da pet e essa mesma fibra é transformada em tecido. Isso seria inovador no nordeste”, contou o presidente do Aribama.
A comunidade de Tatuamunha é consciente ecologicamente. “Trabalhamos também com a fibra da bananeira e com a palha do ouricuri que são alternativas de geração de renda. Nós também recebemos doações das garrafas dos restaurantes, pousadas, prefeituras e da própria comunidade que junta em suas residências”.
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Marcos da Silva |
Segundo Marcos da Silva, diretor do Aribama, todo o faturamento é dividido pelos associados. “São retiradas as despesas da associação, projeta-se as despesas do próximo mês e o saldo é dividido entre os associados, que participam da produção, tudo é rateado por igual. De março a setembro gira um faturamento em torno de R$ 10 mil, já de outubro a março o faturamento aumenta um pouco por ser um período de férias e alta temporada”, concluiu Marcos.
IMPORTÂNCIA DE QUEM PARTICIPA
A comunidade de Tatuamunha é conhecida pelo trabalho que é realizado no Aribama, para o artesão Nilton da Silva, que antes vivia da pesca e de mergulho, a associação transformou famílias. ”Estou na associação há 4 anos e aqui passei a ter uma renda fixa, minha vida melhorou bastante. Chovendo ou fazendo sol nós sempre trabalhamos com o nosso artesanato, passeio do peixe-boi e piscinas naturais. Além de tudo que ganhamos é dividido em partes iguais. Enquanto me reconhecerem como integrante do Aribama pra mim é tudo”, contou Nilton.
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Cristiano Francisco |
Já para Cristiano Francisco, que acompanhou desde o início do Aribama, a Associação é importante. ”Estou no Aribama desde o seu surgimento, acompanhei todos os cursos e parcerias. O artesanato na comunidade melhorou em tudo”. O mais novo associado, Eduardo José, que já aprendeu a fazer arte. “Estou há um mês e já aprendi a fazer, o globo, chocalho, cortina. O reconhecimento dos clientes é muito bom, a melhor parte”.
De acordo com a artesã, Anna Lúcia Santos, que antes não trabalhava, existem artes fáceis e difíceis para aprender ainda. “Estou aqui há 4 meses e o bom é porque aqui eu aprendo sobre educação ambiental, ecológica e como reciclar de maneira correta. É uma ótima experiência que vamos aprendendo com o dia-a-dia. Já sabia da existência da associação, mas nunca tinha vindo antes, passei de convidada para ser uma associada também”.
Outro artesão que também se orgulha de fazer parte do Aribama é o Adeilton Santos, que já está há 2 anos
na criação. “Trabalho mais produzindo a luminária, as flores, borboleta, joaninha, jogo americano, o peixe, o carrinho, as cortinas, peças de cabelo. Tinha semana que ficava parado aqui comecei a me desenvolver. É um trabalho que eu gosto, porque nós recolhemos do rio e da praia, já limpamos, fazemos a nossa parte. Os paulistas falam que nós precisaríamos ir ao rio Tietê, por conta da nossa ação, da nossa causa, acham muito legal e serve como exemplo”, explicou feliz.
Marcia Marques e Roberta Araújo
O mês de dezembro é um momento muito especial para as academias de ballet de todo o país, pois e nesse mês que são realizados seus brilhantes espetáculos, onde as academias mostram todo o seu trabalho. Em especial esse ano, as escolas de Ballet Clássico de Alagoas resolveram homenagear não só o ritmo alagoano, mais também seus poetas, escritores e o memento histórico vivido nesse mês o Natal.
Começaremos a falar sobre o brilhante espetáculo promovido pela a escola da Emília Clarck, que teve como tema Pela Luz dos Olhos Teusque faz referencia aosartistas populares dos municípios alagoanos, como Fernando Rodrigues, da Ilha do Ferro, e outros que compõem o acervo da Casa do Patrimônio do IPHAN, o espetáculo percorreu a trajetória da colecionadora e pintora Tânia de Maya Pedrosa.A alunaPollyana, falou que estava encantada por subir no palco do teatro leite representando um pouco da cultura alagoana, em ritmo de ballet.
Já Eliana Cavalcante, escolheu reviver um momento muito importante para a vida dos Bailarinos. A dançarina e dona da academia fez a adaptação dequebra nozes, espetáculo que acontecerá nesse final de semana, e contará com três momentos. A aluna da dançarina Ana Julia Souza revela estar encantada, com essa nova adaptação da professora e ela garente que “o espetáculo emocionara, a todos”.
Outras duas academias farão seu espetáculo no mês de dezembro será elas, Emilia Vasconcelos e Selma Pimentel, que terão como tema; Mitos e quebra nozes nordestino.
• Agenda Cultural:
Eliana Cavalcante -Dias: 02, 03 e 04 de dezembro. Teatro Gustavo Leite. Mais informações: 3241-1308
EmiliaVasconcelo -Dia: 17 e 18 dezembro. Teatro Gustavo Leite.Mais informações: 3221-8969
Selma Pimentel- Dia: 07 e 08 de deembro. Teatro Deodoro. Mais informações: 8842-287000
Isabelle Monteiro e Rozana Ribeiro
Criança recém-nascida com deslocamento do quadril é mais comum do que se pensa. Entretanto, são raras às vezes em que o problema é detectado nos primeiros meses de vida. Sua ocorrência tende a ser percebida somente quando a criança inicia os primeiros passos, quando um andar diferente ou um mancar revelam os sinais.
Antes que as dificuldades apareçam, determinados fatores interpretados como risco podem ser encarados como alertas. A incidência do problema aumenta na primeira gestação. O fato é conhecido como Luxação Congênita no Quadril ou Displasia do Desenvolvimento do Quadril (DDQ). A maneira como o bebê se desenvolve no útero, denominada posição pélvica _momento em que a criança está sentada, também é outro fator que pode ocasionar o problema.
Dr. Miguel Akkari, chefe do Grupo de Ortopedia Pediátrica da Santa Casa de São Paulo, explica que são realizados em recém-nascidos, exames manuais em que o médico pediatra analisa a estabilidade do quadril. Se houver a percepção de qualquer instabilidade, para ratificar o problema, o próximo passo é a realização de exames laboratoriais, como ultrassonografia ou radiografias. O médico fala ainda sobre o fato de não haver dor quando há luxação e de que nem sempre ela é perceptível. Além disso, segundo Akkari, o progresso do desvio pode suceder durante o desenvolvimento da criança
Tratamento - Tanto precoce quanto em crianças em idade mais adiantada, existe tratamento e cura. O que muda é que, quando há um diagnostico rápido, se torna muito simples. O tratamento é efetivado com um aparelho que mantêm o quadril na forma correta, sendo similar a um suspensório e que possui 98% de eficácia nos casos. Todavia, a utilização do equipamento só é indicada para crianças de até três ou quatro meses. Após esse período não há eficiência. Segundo o Dr. Akkari, depois do período, considerado como tratamento precoce, o quadril só pode ser corrigido através de cirurgia e imobilização com gesso. Diz ainda que, quando adulto, o paciente sem tratamento adequado, pode ter restrição dos movimentos.
No Brasil, esse tipo de luxação pode ocorrer de até uma para cada duas mil crianças. A incidência para as que foram desenvolvidas na posição pélvica é de até uma para cada quinze. Sendo mais constante nas meninas, essa freqüência se torna menor_ metade_ para o sexo masculino, o que ainda é considerado preocupante.
Fonte: saudeempautaonline.com.br/
Jovelina Vasco - 6º período jornalismo
Crescer e ter uma infância mentalmente saudável hoje em dia vai ser privilégio de poucas crianças. Muitos pais estão deixando seus filhos nas mãos de babás, creches ou escolinhas. Outros deixam o dia todo na frente da televisão ou do computador, um crime para a formação cultural dessas crianças, que já crescem influenciadas pelas propagandas.
A criança precisa crescer tendo a oportunidade de brincar, correr ou qualquer tipo de atividade alegre e descontraída. Elas reproduzem o mundo do adulto. Os pais que contavam histórias para seus filhos antes de dormir, tem outras ocupações. As brincadeiras de roda, amarelinha, os jogos educativos, e etc., por onde andam? Tudo isso deu espaço ao chamado mundo digital, (os jogos eletrônicos, filmes 3D, internet).
Maria Fernanda cria o filho de seis anos num verdadeiro mundo digital, e vem sofrendo com a dependência da criança, que quando não está na frente da televisão está jogando no computador. Por trabalhar muito a mãe não tem tempo de dar atenção a ele. Consciente de que está errando na educação do menino, ela fala que está perdida sem saber como contornar a situação.
O mundo não mudou, as pessoas foram que mudaram, ou melhor, se acomodaram. Independente de época, o lúdico é uma ferramenta muito importante para o desenvolvimento das crianças. Mariana Alencar cresceu com as brincadeiras lúdicas, e foi através delas que obteve bom rendimento escolar. Aprendeu a valorizar o que tem e a respeita a família e os amigos. Ela fala que guardou muitos brinquedos e hoje sua filha de 2 anos é quem aproveita seu “tesouro.”
O lúdico é muito importante, não só para as brincadeiras, mas também para o intelecto. As crianças são o espelho do adulto. Os países devem ter consciência que seus filhos vão crescer, e é desde cedo que eles precisam de atenção, amor, carinho e ser estimulados, para desenvolver um bom aprendizado.

Willy Geidson - 6º período de jornalismo

A Superintendência Municipal de Energia e Iluminação Pública de Maceió vem realizando um trabalhando de manutenção em vários pontos da cidade com a intenção de melhorar o potencial de iluminação.
Esta semana estão sendo atendidas solicitações nos bairros do Farol, Ponta Verde, Graciliano Ramos, Serraria, Benedito Bentes, Guaxuma, Cidade Universitária para repor lâmpadas de vapor sódio e vapor mercúrio.
A SIMA também instalou um projetor completo de 250W Vapor Mercúrio no Mirante do bairro de Bebedouro, no Dia da Consciência Negra. Já no Conjunto Cidade Sorriso dois houve a inauguração do terminal de ônibus, com a instalação de duas luminárias completas com lâmpadas de 250W Vapor de Sódio.
As ruas do centro de Maceió também estão passando por uma melhoria em sua iluminação visando tanto a segurança dos comerciantes quanto dos consumidores nesse período de natal. Estão sendo instaladas lâmpadas de 250W vapor metálico nas ruas principais como Rua do Sol, Rua Boa Vista e Rua das Árvores. Já nas ruas transversais estão sendo utilizadas lâmpadas de 250W Vapor de Sódio.
O superintendente da SIMA, Ranilson Pedro Campos Filho afirma que o empenho da superintendência continua cada dia com mais força. “Não estamos medindo esforços no sentido de melhorar a qualidade da iluminação em todos os pontos de Maceió”.
Isabelle Monteiro e Rozana Ribeiro - 6º período de jornalismo
Os exames requeridos pelos obstetras durante o pré-natal não são poucos. Entretanto, nesse momento, alguns exames são ignorados, o que acarreta o desconhecimento a respeito das doenças de alto risco à saúde da mãe e do bebê. De acordo com a Dra. Gláucia Mazeto, endocrinologista e membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), este é o caso da tireóide, cujas modificações podem induzir à hipertensão gestacional, parto antecipado, baixo peso no nascimento e até mesmo um aborto. Mesmo não havendo um histórico com alterações da tireóide, as gestantes podem desenvolver a doença durante a gravidez.
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Crédito Google Grávida.jpg |
A especialista alerta para os cuidados que se deve ter e sobre como é importante realizar com antecedência, exames que analisam a condição dos hormônios da tireóide em gestantes com histórico ou características de risco para a doença. Contudo, o critério da estimativa clínica durante a gravidez, deve ser direcionado também às mulheres que nunca enfrentaram o problema, já que este pode ser desenvolvido nesse período. Dra. Gláucia Mazeto alerta ainda que, a gestação, pelas inquietações orgânicas e funcionais que gera, proporciona um impacto sobre a glândula tireóide.
Com localização na região do pescoço, a tireóide gera uma produção de hormônios responsáveis pelo controle do metabolismo. Ocorrendo nas grávidas, a atuação imprópria para esse processo pode ser prejudicial ao crescimento e consequentemente o desenvolvimento da criança no útero. Quando a glândula permite a liberação de hormônios em demasia, ocorre o hipertireoidismo, que se opõe à insuficiência destes, o que pode provocar o hipotireoidismo.
Segundo a Dra. Gláucia Mazeto, o hipo é o que gera menor impacto para a gestante, pois há características em relação à representação clínica e às medicações utilizadas que tornam o tratamento mais fácil. Pesquisas recentes divulgaram que este ano, cerca de 3% das grávidas possuem hipotireoidismo e 0,4% apresentam o hipertireoidismo. Entretanto, as gestantes não precisam temer. Quanto mais rápido for o início do tratamento das disfunções da tireóide - se possível no primeiro trimestre de gestação – maior a possibilidade de obter sucesso. Nas duas ocorrências de alterações tireoidianas, o tratamento é possível pela utilização de remédios apropriados e, periodicamente, a efetivação de exames de laboratório.
Esse é mais um motivo para que as futuras mamães atentem para a importância da realização do pré-natal de forma regular, assim como é fundamental manter-se com informações atualizadas, para que possam cobrar quando houver desconhecimento dos próprios médicos, em relação aos métodos imprescindíveis à saúde da mulher e do bebê.
Fonte: site saúde em pauta online
José Aragão - 6º período de jornalismo
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Marina Tavares
Crédito: Reprodução |
Determinação é o que não falta à tenista alagoana Marina Tavares. Além de ter representado o Estado de Alagoas, nas quadras de tênis, nos últimos 5 anos. Marina também é um exemplo de dedicação às crianças. Desde 2010, ela mantém um projeto que leva esporte aos meninos e meninas que não podem pagar pela atividade.
A iniciativa, intitulada Projeto Social Marina Tavares, incentiva a prática de tênis, atendendo atualmente a 50 crianças, A maioria mora em bairros adjacentes ao Jaraguá Tênis Clube, local onde o projeto é desenvolvido. A tenista afirma que começou o trabalho como uma experiência, alegando que “nunca tinha desenvolvido algo assim”. A motivação aumentou quando as primeiras crianças começaram a apresentar um melhor rendimento escolar.
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Deysiane Dias, participante do Projeto
Crédito: José Aragão |
O projeto vem apresentando vários êxitos. Muitos dos alunos já participam de torneios nacionais. “É muito bom jogar com a Marina e com o João”, disse a pequena Deysiane Dias, referindo-se à Marina Tavares e João Paulo, um dos professores voluntários. Deysiane participa desde o começo da ação e afirma gostar muito das partidas, pois a atividade esportiva ajuda na sua concentração.
Parcerias
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Álvaro Garnero visita o Projeto
Crédito: José Aragão |
A atividade já sofreu com pouco patrocínio. Hoje em dia, o projeto conta com o apoio de empresas como a SOCOCO, Braskem e o Centro Universitário CESMAC. Além destes, a iniciativa recebeu, ainda este ano, o apadrinhamento de Álvaro Garnero, famoso empresário e apresentador de TV. “É muito bonito ver um projeto tão legal quanto esse funcionando”, elogiou Garnero, que ainda confirmou a importância social do projeto, afirmando que “as crianças são o futuro”. “Portanto, temos que investir o que pudermos nelas”.
Rozana Ribeiro - 6º período de Jornalismo
A automedicação é uma ação perigosa que exige cautela e responsabilidade. A prática aparentemente inofensiva e habitual, se feita de forma abusiva, pode gerar graves problemas de saúde e mascarar os reais sintomas de uma doença dificultando seu diagnóstico. Dados da Associação Brasileira das Indústrias Farmacêuticas - Abifarma mostram que todos os anos cerca de 20 mil pessoas morrem no Brasil vítimas da automedicação.
Para o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas - Sinitox os medicamentos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicações em seres humanos, os dados apontam ainda que por ano, ocorrem 34 mil casos de intoxicação por uso indevido de remédios, com média de 91 mortes. A maior parte desses medicamentos consumidos pela população é vendido sem prescrição médica.
Os AAS, paracetamol, dipirona e fitoterápicos (remédio natural), aparentemente inofensivos, se usados de forma indevida podem causar danos no fígado. Sobre isso, a farmacêutica, Daniela Clementino, explica que “o problema se agrava ainda mais por que a população usa esses medicamentos diariamente e na maioria das vezes, o medicamento passa a fazer o efeito contrário, ao invés de tratar, passa a agravar a doença”.
Publicidade
Conforme as autoridades em saúde, a propaganda causa grande motivação no uso irracional e prejudicial de medicamentos. De acordo com dados do Projeto de Monitoração de Propaganda da Anvisa, (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), cerca de 90% desses comerciais apresentam algum tipo de irregularidade. A situação é mais alarmante na publicidade direcionada a médicos e farmacêuticos. De 1,5 mil propagandas de medicamentos de venda sob prescrição analisadas pela Anvisa, 15% não apresentavam cuidados e advertências, 14% não alertavam sobre as contra-indicações e mais de 10% continham afirmações sem comprovação de estudos científicos.
Embora existam propagandas como no rádio ou em outdoors, que contribuem positivamente para o alto consumo de medicamentos sem prescrição médica, a falta de estrutura do sistema de saúde agrava o problema. Tais propagandas apelam ao estimular o público a adotar o método quando no fim destas, inserem sua frase tradicional "persistindo os sintomas um médico deve ser consultado", como se isso os dispensasse de qualquer responsabilidade. Todos os dias milhares de pessoas procuram à assistência aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS) e poucas conseguem ser atendidas, a opção mais rápida é a ida a farmácia, drogarias ou supermercados na tentativa de resolver o problema.
A solução
Muitas vezes diante de qualquer sintoma, buscando o alívio do incômodo que o aflige, principalmente os mais comuns como aqueles que decorrem de viroses, a vítima pelo impulso, utiliza medicamentos populares para gripe, febre, dor de garganta, etc; ou procura de início uma orientação leiga, como de amigos íntimos, parentes com mais experiência. “A decisão de levar um medicamento da palma da mão ao estômago é exclusiva do paciente. A responsabilidade dessa atitude depende de haver ou não respaldo dado pela opinião do médico ou de outro profissional de saúde”, conclui Danielle Clementino
Luisa Gama - 6º período de Jornalismo
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Foto: Divulgação |
Durante o sexto dia da V Bienal Internacional de livro de Alagoas foi realizado o relançamento do livro O desafio da noticia e a crise da modernidade (Editora Catavento/2007), dos autores Cláudio Jorge Gomes de Moraes, Elida Rachel Miranda, Kelma Abreu.
A idéia do livro surgiu a partir da monografia das então estudantes de Jornalismo do Cesmac, Elida Rachel Miranda, Kelma Abreu, e faz um levantamento teórico e prático do desafio do fazer jornalístico, velocidade atender uma linha editorial, além de fazer uma análise do caderno político dos jornais alagoanos ‘O Jornal’ e ‘Gazeta de Alagoas’.
Para o professor Cláudio Jorge a Bienal tem o objetivo de dar visibilidade as produções e coloca as necessidades da renovação de uma produção de pesquisa além de agregar pessoas de vários locais para valorização das produções incentivo a leitura.
“Acho importante o relançamento do livro porque ele é atemporal. Apesar de ser lançado na 3ª edição da Bienal, em 2007, se aplica no jornalismo dos dias de hoje”, disse Cristina Brito, coordenadora do curso de jornalismo do Cesmac.
A Bienal segue até o dia 30 de outubro, no Centro de Exposições Ruth Cardoso, no Jaraguá, das 10h às 22h.
Lucas Tenório - 6º período de Jornalismo
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Movimento 10% coleta assinaturas
Foto: Gustavo Oliveira |
A estrutura da educação pública na maioria dos estados brasileiros está de mal a pior e reivindicar um aumento no percentual destinado a Educação, é o que busca entidades e associações ligadas ao setor educacional em todo país, contribuindo assim para ajudar melhorar a situação.
Neste sentido, os movimentos aproveitaram o espaço da V Bienal, para ampliar o abaixo-assinado em favor da aplicação do percentual de 10% para área de educação. A Associação dos Docentes da UFAL, representada pelo professor Ailton Galvão, junto com a UNE (União Nacional dos Estudantes) estão coletando as assinaturas para que 10% do PIB (Produto Interno Bruto) sejam destinados para as escolas públicas em todo o país.
Atualmente o governo destina apenas 3,5% para ser aplicado na área educacional. aumentando este repasse, as estruturas de vários colégios, teoricamente, teriam uma melhoria significativa.
Ainda segundo o professor Ailton, em Brasília estão sendo realizadas várias manifestações em prol deste aumento “não a uma área especifica para a aquisição do dinheiro, toda a estrutura de colégios públicos do país seriam beneficiadas” afirmou.
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Professor Anilton Galvão - UFAL
Foto: Gustavo Oliveira |
Segundo o professor a UFAL também pode ser beneficiada, o Campus da Universidade Federal de Alagoas vem se transformando num verdadeiro canteiro de obras, com a destinação dos 4,5 milhões, que vem sendo aplicados tanto em segurança,quanto na questão do suporte dado ao professor, “a UFAL hoje é um verdadeiro centro de obras” afirmou Galvão, esses 10% serviria para reforçar essas obras na Universidade, dando mais segurança e tranqüilidade tanto para os alunos, quanto para os professores.
Esperança para os professores Alagoanos
A destinação de repasse em um percentual maior, seria mais do que bem vindo para os colégios públicos de Maceió, principalmente o CEPA (Centro de Ensino de Pesquisas Aplicadas) que na década de 70 e 80 era referência em ensino no estado, e hoje está vivendo um momento lamentável.

José Aragão - 6 º período Jornalismo
Infanto-Juvenil, revistas, universitários, não importa – os livros não param de vender. Várias lojas já afirmam terem superado as expectativas para vendas. Um dos exemplos é o stand Fábrica de Letras, que teve a sorte de estar localizada no portão para a entrada das escolas.
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Robson Martins
Foto: Gustavo Oliveira |
Robson Martins, gerente do stand, já está em seu 4º ano na Bienal e, mesmo vindo de São Paulo, não tem a mínima intenção de faltar uma edição do evento. “Tá muito legal, bastante vendas e é constante”, falou o gerente, que mal podia parar de atender seus clientes para conceder a entrevista.
De crianças, Neide Alecrim entende. Ela é a responsável pelo stand da Jordani Fantoches, especializada em livros e artigos infantis. “Tudo sai, e esse é o melhor horário”, afirmou Neide, referindo-se ao horário de visita das escolas à Bienal.
Mas não é só de crianças que o evento sustenta-se. Os stands voltados para públicos mais específicos também estão tendo ótimos lucros. De acordo com Geovanio Santana, vendedor da Editora UNESP, stand voltado para o público universitário, o público adulto está comprando 70 livros por dia, nos finais de semana. “É tudo uma questão de horário”, afirma o vendedor, referindo-se aos dias de semana, quando o lucro é menor, pois o público específico frequenta apenas durante o horário noturno.
Alimentação presente
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Sandra Madeiro - Sabor de Bis
Foto: Gustavo Oliveira |
Com expectativa de 100 a 200 mil pessoas circulando no evento, comida é o que não pode faltar. E é para isso que stands como do Sabor de Bis estão presentes. Sandra Madeiro, dona do estabelecimento, afirma que as vendas estão ótimas, uma vez que o stand oferece não apenas lanches, mas também refeições.
A cultura não é apenas consumida em livros, mas, também, pelo paladar. O stand Biscoitos Caseiros, também apresenta boas vendas, mesmo estando ao lado de vários competidores. “Acho que nosso diferencial é estar apresentando opções diferentes ao público”, afirmou a vendedora Tatiane Santos, responsável pelo stand, que está oferecendo biscoitos feitos com produtos característicos da cultura alagoana, como côco e macaxeira.
José Aragão - 6º período Jornalismo
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Irene Bonan - Coordenadora das Visitas das escolas na V Bienal
Foto: Gustavo Oliveira |
Dias cheios na
V Bienal Internacional do Livro de Alagoas. Mais de 30 mil crianças já prestigiaram o evento, que apresenta diariamente várias atrações destinadas ao público infantil, como: shows de mágica, teatro e "contação" de histórias. Segundo Irene Bonan, coordenadora das visitas das escolas ao evento, “É sempre importante marcar a presença das crianças aqui”.
Ainda de acordo com Bonan, cada dia são mais de 12 mil estudantes visitando a Bienal. “A gente começa o trabalho de divulgação desde Março, visitando escolas particulares e marcando sua presença. É um prazer”, disse a Irene.
Mas o prazer maior é mesmo das crianças e adolescentes que passeiam pelo Centro Cultural e de Exposições de Maceió. Alisson Alves, estudante do 6º ano da Escola Porto Seguro, marcou presença junto com seus colegas, no evento teatral Túnel do Livro. “É muito legal. Os personagens são muito legais”, falou o pequeno, que ainda confessou ser um ávido leitor. Graycy Kelly, coordenadora pedagógica da Escola Nossa Senhora dos Prazeres, confirmou a importância de trazer os pequenos para eventos como esse. “É muito importante para os alunos ter esse contato com o mundo literário”, afirmou.
Por outro lado, Fábio Sales, professor e coordenador da visita da Escola Porto Seguro, não acha que a presença dos estudantes no evento é apenas importante. Ele considera uma necessidade. “É necessário incluir as crianças no mundo da leitura. Tirá-las do computador e trazer a leitura para suas vidas”, afirmou o professor.
Estima-se que, até o final a V Bienal, receba uma média de 70 mil crianças.
Marechal Deodoro a 20 km de Maceió, vivem 212 famílias em uma comunidade litorânea que foi habitada à mais de 50 anos. Seu nome: comunidade do Jacaré. Hoje ela será reconstruída e sua história começará a ser recontada em um conjunto habitacional.
Marcos André
A rotina pouco muda. Homens pescando, com diversas opções: varas; puçás e tarrafas. Em outra extremidade mulheres ao leito do rio lavando suas vestes, cantarolando e discutindo capítulos anteriores da novela. As crianças, essas trabalham pesado, são comerciantes. Ficam na beira da rodovia vendendo as frutas que extraem dos sítios na região. Os peixes também são vendidos; este, fruto do trabalho dos homens. Essa é uma parte da rotina na comunidade do Jacaré, nas margens da AL 101 Sul, no município de Marechal Deodoro. No entanto, este cotidiano está com os dias contados para acabar: a duplicação do trecho da rodovia vai retirar do local as 212 famílias.
Energia só existe dentro das casas, água apenas fora delas. Com isso, eles aprenderam a compartilhar lavanderias e banheiros coletivos. Ao pôr do sol existem duas alternativas. Permanecem em suas residências assistindo TV ou vão para o lugar em comum na comunidade: as mesas de baralho e bate papo. As mulheres preferem as janelas, nas longas conversas com as vizinhas. Quase que não existe intriga na comunidade, a divisão de tarefas e o trabalho em grupo os ensinaram a viver em pacificidade.
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Comunidade Jacaré, história prestes a ser diluída
Crédito: Amanda Dantas |
A comunidade é liderada por Tiago da Silva, um jovem de 27 anos que dirige o grupo desde 2007. Segundo ele, sua liderança surgiu por indicação da comunidade, que precisava de alguém “com mais jogo de cintura” para os debates que ocorressem na Câmara de Vereadores de Marechal Deodoro. Em uma delas, Tiago levou para o debate, uma reivindicação antiga da comunidade: a melhoria nas condições de moradia. “Sempre convoco reunião com a comunidade. E em todas as reuniões, pautamos uma problemática antiga, que é ter uma moradia digna”, explicou.
Ao longo de 50 anos de habitação no local, os moradores da Comunidade do Jacaré construíram a identidade de um povo. Identidade essa que deve fazer parte da historicidade de Alagoas. Um Estado que têm valores culturais oriundo das atividades litorâneas. Sem dúvida, uma das maiores riquezas de Alagoas é a construção do Estado através das tradicionais comunidades de pescadores e artesãos. Onde se explorava as especificidades de um lugar de riquezas múltiplas, fazendo com que se inicie a atividade econômica por parte da classe pobre.
Ao caminhar pela areia branca que se faz de passagem entre as tantas da comunidade, encontra-se dona Jedalva. Uma senhora de 57 anos que lembra alguns momentos do tempo em que Jacaré estava se constituindo. “Eu morava com minha mãe no tempo que nos mudamos pra cá. No começo nós ajudávamos a construir o barraco dos parentes que estavam vindos. Aqui sempre foi tudo muito simples, nunca precisamos de muita coisa. Temos o mar e o sítio pra plantar”, comentou dona Jedalva ao lembrar-se de como se construiu a comunidade.
O recomeço
Com o processo de urbanização da rodovia AL 101 Sul, a comunidade irá se diluir e se recomporá em um conjunto habitacional. Boa parte dos moradores, os que viviam no lado direito da rodovia, no sentido Maceió - Marechal já desocuparam o espaço. No entanto, o condomínio para onde eles irão está longe de ser concluído, e o prazo de término da obra está estipulado para agosto de 2012, um ano após a saída da comunidade.
Como alternativa a entrega das casas, o governo repassou a cada família, um aluguel social, no valor de R$ 2,4 mil. Esse dinheiro seria para as famílias procurarem um imóvel para alugar no período de um ano, enquanto esperam a entrega das casas. Com esse dinheiro, muitas famílias estão espalhadas em torno da grande Maceió. “Muitos foram para o Benedito Bentes, outros estão em Marechal Deodoro, mas boa parte dessas pessoas construíram suas barracas no lado esquerdo da comunidade, que ainda não foi demolido. Com isso, eles aproveitaram o aluguel, dado pelo governo, para colocarem comida na mesa”, disse Tiago da Silva.
O motivo do esfacelamento da Comunidade do Jacaré é o avanço da obra de duplicação da rodovia AL 101 Sul, que se estende por 25,8 Km, entre o Pontal da Barra, Maceió e o trevo do Gunga, na Barra de São Miguel. A obra também inclui a duplicação de quatro pontes e a criação de três novos viadutos. A primeira parte foi concluída em janeiro deste ano, com 5,5 km de extensão. Trecho situado entre o acesso à Praia do Francês, em Marechal Deodoro, e a Barra. O segundo trecho já foi liberado, possui 3 km de extensão e será este que passará pela Comunidade do Jacaré.
A Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra), a Prefeitura de Marechal Deodoro e a comunidade já assinaram um termo de compromisso. Os moradores desocupam o espaço, recebem o aluguel social e o Estado assegura a construção do condomínio para onde eles irão. O local já recebeu até um nome: Residencial Recanto da Ilha e será construído a poucos quilômetros da Comunidade Jacaré, nas proximidades de Barra Nova. Lá eles terão água encanada, dentro das residências e energia elétrica, nas proximidades da casa. Com isso, passarão a pagar contas que antes não faziam parte dos seus orçamentos, como água, luz e condomínio.
“Vai ser bom a gente ir para lá, pois teremos água dentro de casa, praça iluminada e será uma casa bem melhor do que essa aqui que a gente mora hoje. Porém, a gente vai pagar contas que antes a gente não pagava”, desabafou Maria José, moradora da Comunidade do Jacaré. Ela é uma das que reconhece os avanços da nova moradia, mas não dispensa as vantagens da vivência na comunidade. “Aqui é muito bom, nós temos tudo que queremos. Quando precisamos vamos pegar peixe no rio ou pegar fruta no sitio. Lá será melhor em outro sentido, mas eu nunca vou esquecer as coisas boas daqui”.
Realidade semelhante
Outras comunidades de Alagoas estão passando por situações parecidas. Uma delas é a comunidade da Vila dos Pescadores do Jaraguá. Onde serão removidas de seus locais de origem e passaram a viver no bairro do Sobral. 450 casas já estão sendo construídas, com o propósito de tirar os pescadores do Jaraguá.
O motivo da transição é a construção de um projeto de revitalização do Porto. Tendo em vista que se trata de um lugar litorâneo, dentro da cidade e de grande valor estético e imobiliário. O projeto é uma obra da Prefeitura de Maceió, que tem o objetivo de construir uma marina no espaço, que de acordo com o prefeito Cícero Almeida melhorará o visual da cidade.
Trabalhadores que sobrevivem da pesca insistem que não pretendem deixar o espaço em que estão instalados há mais de 80 anos, e cuja memória se confunde com o próprio processo histórico de crescimento da capital. Outra problemática levantada pela comunidade, é que o local para onde eles irão, é longe de seu local de trabalho, e isso trará bastante dificuldade de locomoção.
Cinema Para todos
21 Oct 2011 3:24 PM (13 years ago)
O que fazer para subsidiar o audiovisual brasileiro e democratizar o acesso? O cineasta Hermano Figueiredo faz um breve relato sobre as produções nacionais e sua dificuldade de abrangência.
Marcos André
"O cinema não tem fronteiras nem limites. É um fluxo constante de sonho." Essa frase é do cineasta estadunidense Orson Welles. E é sobre essa perceptiva de realizar sonhos e propor uma nova realidade através da arte que se propaga o debate de difusão do acesso e criação artística. Contemplando os sujeitos históricos, tantas vezes esquecidos pelo processo de massificação da indústria cultural.
Umas das formas vista pelo cineasta alagoano Hermano Figueiredo, foi levar a ‘telona’ para as comunidades carentes. No entanto, como a ousadia é o carro-chefe dos trabalhos de Hermano, ele não poderia fazer nada convencional. Foi aí que ele enxergou a possibilidade de fazer as exibições nas velas da jangada. Usufruindo de um cenário pacato da praia noturna e de um clima típico da cultura alagoana. Além de ter um público voltado para as comunidades carentes.
Esse tipo de cinema é o projeto ‘Acenda uma Vela’, que leva um pouco do audiovisual para aqueles que não tem poder aquisitivo para visitar uma sala de cinema. O projeto foi idealizado como forma de emancipação do ser humano, libertando-o de uma concepção imposta de que o ser humano é apenas um coadjuvante e não um agente transformador de uma sociedade. “Toda produção do intelecto humano é uma forma de interferência da sociedade. E a difusão da produção do audiovisual tem profundos reflexos na cultura contemporânea brasileira”, argumentou Hermano Figueiredo.
Para ele, o que não se pode é excluir aqueles que não reproduzem a lógica do capital e vivem nos guetos, longe do processo civilizatório. Com isso, o que ocorre é uma desconstrução, porque faz com que o ser humano perca o senso crítico. “Hoje em dia, a leitura da realidade é cada vez mais feita através do audiovisual. O conhecimento da linguagem do audiovisual é uma atividade extremamente importante para a preservação e consolidação das identidades culturais e na formação de uma consciência nacional. E logicamente um indivíduo melhor informado e consciente criticamente da realidade a qual está inserido, tem mais condições de emancipação e promoção social e humana.”, explicou o cineasta.
Desse modo, o projeto segue a perspectiva de não apenas levar a arte para as comunidades, mas também de debater e discutir sobre o filme e principalmente mostrar para eles a figura de seus conterrâneos como protagonistas, visto que os filmes são sempre com a temática regional. Aumentando assim, o processo de afirmação cultural, pois, eles conseguem se enxergar na tela, se identificar com o que está passando, já que retratam sua realidade. “É muito mais interessante ‘rodar’ filmes alagoanos, porque além de aumentar a concepção de identidade, a aceitação é bem legal. Quem não gosta de se ver, ou se identificar com algum personagem na televisão?”, questionou Anderson Barbosa, incentivador do cinema alagoano.
Hoje, apesar de se ter uma produção cultural bastante efetiva, ainda se está sob imposição de uma mídia poderosa que nos sufoca com a idéia de que as produções estrangeiras são sempre melhores, principalmente as hollywoodianas. “Isso é péssimo para nós. Faz com que a gente aprenda a pegar tudo mastigado, uma produção enlatada dos EUA. Isso é muito ruim, porque não cria uma consciência crítica. Temos que engolir sem fazer nenhum questionamento, além de fragilizar a soberania nacional,” destacou.
Uma vez que a indústria de entretenimento impõe seus produtos, ela propicia a renúncia ao processo de afirmação, enquanto identidade cultural. Deste modo, Hermano acredita que “as especificidades de cada canto do país são cada vez mais deixadas para trás. Isso porque não tem espaço, nem vez para produzir, e quando produz, sofre bastante resistência do público”.
Para o cineasta, o Estado deveria adotar medidas protecionistas aos produtos nacionais, como o estabelecimento de cotas para filmes brasileiros. Além disso, ampliar o apoio e subsídios a produtos nacionais e regionais.
O produtor cultural defendeu também a TV pública brasileira- ‘TV Brasil’ e o ‘Programa Cine Mais Cultural’, por apoiar o cinema brasileiro e completou: “As políticas públicas que reguem o audiovisual aqui no Brasil devem criar ações junto a setores organizados do governo para criar subsídios e incentivos aos produtos regionais culturais. Através, por exemplo, de cineclubes e utilizar a linguagem do audiovisual nas salas de aulas.”
Por intermédio desses mecanismos, é possível desconstruir o discurso da indústria cultural, que impossibilita o livre processo de criação artística de cada individuo. Isso faz com que se perca as identidades culturais, uma vez que não é garantido as produções nacionais.
Um breve histórico do audiovisual
O cinema começou nos EUA, com os irmãos Lumiére, que juntava uma grande quantidade de fotograma em ordem numérica e as colocavam expostas. Dando assim uma idéia de movimento. (até então apenas visual, pois o cinema nessa época era mudo). As imagens eram sempre de um cotidiano normal e pacato de uma cidade. Porém, com o sucesso do veículo, o audiovisual tomou rumos bem mercadológicos, tornando-se um veiculo de propaganda. Como um modo de difusão da indústria que produzia incessantemente.
Nos anos 50 a TV chega ao Brasil. Porém, não com o intuito de democratizar, nem facilitar a rede de interelações através da comunicação, muito menos de produção cultural. Na verdade o audiovisual chegou ao Brasil imitando o modelo Norte Americano. Mas agora é para assegurar a necessidade de expandir tudo que vem do sul do país e do exterior para todo o território brasileiro. Sobretudo uma tentativa de padronização numa concepção opressora de uma relação de poder. Uma cultura de massa, imposta por uma minoria que detém todo o processo de produção.
Sendo assim, os meios reproduzem os valores da classe dominante para toda a sociedade. Uma das formas de isso acontecer é definindo padrões de comportamento, colocando-os como os únicos corretos e denegrindo toda e qualquer forma de socialização que não seja compatível com a que ela impõe. Sobre essa ótica, os modelos colocados são sempre os valores do capital, principalmente do consumo, como forma de realização pessoal, para ser aceito na sociedade, pautada por esses princípios. Fazendo parte da sociedade de consumo- Indústria Cultural.
E sobre esses questionamentos, cabe a nós fazer algumas reflexões. Quem se deve a culpa nesse caso? É importante perceber que enquanto o Estado, como órgão regulador da sociedade civil, não tomar medidas cabíveis, ao ponto de colocar-se em uma situação protecionista para os produtos culturais brasileiros, a nossa situação será sempre a de mero reprodutor e mero telespectador de uma cultura que não condiz com a nossa realidade. Isso fragiliza nossa soberania, nega nossa identidade e fere o nosso conceito de fazer arte, nos distanciado do processo de produção, uma vez que o cinema é uma coisa para ser engolida e não produzida, discutida ou reafirmada.

Pode parecer ruim, mas é essencial para promover a saúde no planeta, pois, é ele que garante a boa qualidade do ar
Você sabe qual a importância do sequestro de carbono? O que você pensa a respeito da poluição que, nos últimos anos, parece que só aumenta? Você sabe quais projetos podem ser realizados para que a diminuição dela se torne concreta? Através do sequestro de carbono, é possível que haja uma esperança para que esse quadro seja revertido, pois, é através dele que as plantas e o solo absorvem o gás carbônico (CO2) – para eles, tão necessário – que tanto faz mal ao ser humano.
Naturalmente realizado pelas florestas e pelo solo, o sequestro de carbono dá-se quando há uma grande absorção do gás carbônico (CO2) presente na atmosfera. No caso da planta, quando está em fase de crescimento, uma grande demanda de gás carbônico está em evidência, pois a planta necessita absorvê-lo para transformá-lo em oxigênio e liberá-lo de volta. Esse processo natural auxilia na diminuição considerável da quantidade de CO2 na atmosfera, já que cada hectare de floresta em desenvolvimento pode absorver entre 150 e 200 toneladas de carbono.
De acordo com o meteorologista Iata Brandão, a composição do carbono pode contribuir para a abertura da camada de ozônio, destruindo as moléculas de O3, transformando em CO2. “O ozônio é responsável pela filtragem seletiva da radiação, prevenindo contra os raios ultravioletas. Quanto maior a emissão de carbono, mais moléculas se dispersarão”, disse a respeito dos fatores prejudiciais da emissão do gás no planeta.
Os ecossistemas terrestres onde estão compreendidos as florestas e o solo são considerados os grandes “ladrões” de carbono da atualidade, especialmente o solo. Isso acarreta no aumento da redução dos gases de efeito estufa, essenciais para manter o planeta Terra aquecido. É importante contribuir para o sequestro do carbono de todas as maneiras possíveis, começando pela preservação das florestas, pois, somente elas podem garantir uma fixação de carbono em longo prazo. Algumas medidas são consideradas eficazes na diminuição da grande quantidade de CO2 na atmosfera. Uma delas é a luta pela conservação de áreas naturais. A outra seria o plantio de árvores que possam servir de sequestradoras do gás carbono.
Protocolo de Kyoto
Em 1997, uma reunião com 84 países na cidade de Kyoto, Japão, resultou na implantação do protocolo, que tem o objetivo de, através do estabelecimento de metas, encontrar soluções para a redução na emissão de gases estufa na atmosfera, o que vem gerando nos últimos anos, o problema do aquecimento global. O protocolo tem a intenção de reduzir as emissões de gases poluentes para diminuir o efeito estufa em 5% entre 2008 e 2012.
Algumas sugestões foram feitas pelo protocolo para que a redução seja atingida de maneira mais eficaz, como o uso de fontes de energia limpa (biocombustíveis, energia eólica, biomassa e solar), proteção de florestas e outras áreas arborizadas, melhoria no sistema de energia e transporte e diminuir a emissão de metano, presente em depósito de lixo orgânico.
Além disso, seria necessário que regras sobre a emissão de créditos de carbono fossem definidas.
Créditos de Carbono
São certificados emitidos pelas agências que visam assegurar a proteção ambiental, autorizando o direito a emitir toneladas de dióxido de enxofre, monóxido de carbono e outros gases poluentes. As indústrias que mais poluem no Brasil são selecionadas para que cumpram metas estabelecidas para a redução da emissão desses gases. Com isso, as empresas recebem bônus, cotados em dólares, proporcionais às suas responsabilidades. As empresas que não cumprem as metas que foram determinadas podem comprar os créditos de carbono das outras que foram bem sucedidas.
Os certificados podem ser comercializados através das Bolsas de Valores e de Mercadorias, no caso do Brasil, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Os créditos de carbono são considerados como uma espécie de moeda ambiental, onde os países subdesenvolvidos, que não são tão poluídos, podem vender suas cotas para os países desenvolvidos que, por conta das indústrias, necessitam de uma boa quantidade de certificado. Créditos de carbono podem ser conseguidos por diversos meios, como projetos que absorvam os gases de efeito estufa da atmosfera, através do reflorestamento e de outras maneiras ecologicamente possíveis.
Em Alagoas, a Usina Coruripe, localizada na cidade de Coruripe, a 85km da capital, é uma das indústrias selecionadas para cumprir metas estabelecidas para a redução dos gases poluentes. É também, no estado, uma das indústrias que mais acumula créditos de carbono. Com o intuito de reduzir e incentivar a preservação do meio ambiente, foi criado, em 2005, o Instituto para o Desenvolvimento Social e Ecológico (Idese). Com isso, a usina adaptou uma grande área verde ao seu território.
O engenheiro ambiental e coordenador do Sistema de Gestão Ambiental na Usina Coruripe, Valdir Costa, declarou que “o Idese foi criado para gerar as ações socioambientais da empresa. Algumas são voltadas à comunidade através de um programa de ambientalização realizado. Os projetos incluem a preservação da mata, o plantio de mudas, a conservação de nascentes e a proteção às áreas que não podem ser degradadas”.
Área Verde
De acordo com recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), as cidades devem ter, no mínimo, 12m² de área verde por habitante para ser considerada arborizada, sendo de fundamental importância para melhorar a qualidade de vida da população. As árvores contribuem não só para diminuir a poluição visual da cidade, como também a sonora, diminuindo a reverberação do som e atmosférica, removendo partículas e gases poluentes.
A poluição na capital alagoana é um fato preocupante nos últimos três anos. Um levantamento feito pela Sempma (Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente) em Maceió em 2006, mostra que a cidade possuía apenas 3m² de área verde por habitante, quatro vezes menor que o recomendado pela OMS. Para melhorar esse índice, a prefeitura procura desenvolver projetos ambientais desde 2005.
Maceió Mais Verde
Visando aumentar a quantidade de CO2 absorvido pelas árvores em Maceió, assim, diminuindo a poluição, a Secretaria Municipal de Proteção ao Meio Ambiente (Sempma) criou, em 2005, o Projeto Maceió Mais Verde, que tem como objetivo plantar um milhão de árvores na capital alagoana até o fim de 2012, a fim de conseguir índices cada vez maiores de arborização em Maceió. Um arborímetro foi instalado na Avenida Fernandes Lima para contabilizar o progresso na quantidade de árvores plantadas que, atualmente, ultrapassa o número de 330 mil.
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Arborímetro em contagem do número de árvores plantadas
Foto: Yulia Amaral |
No Parque Municipal, localizado no bairro Bebedouro, numa reserva da Mata Atlântica, foi criado, pelo projeto Maceió Mais Verde, um espaço intitulado “Floresta da Fama”, em função da contribuição para o plantio de árvores na capital. É destinado especialmente a personalidades que visitam a cidade, sejam músicos, atores ou políticos. As mudas plantadas por eles são identificadas com uma placa contendo o nome do artista e a data em que foi plantada.
Fazendo parte do Projeto, existem ações como “Condomínio Verde”, que planta árvores em áreas disponíveis em condomínios, a “Frutas da Terra”, que prioriza a plantação de doze espécies de árvores frutíferas regionais, além da arborização de escolas públicas e particulares, conjuntos habitacionais, canteiros e praças. Um exemplo de uma das ações é o corredor da Avenida Fernandes Lima, que passou por um processo de arborização em sua maior parte.
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Canteiro da Av. Fernandes Lima, um dos locais onde se investiu na arborização.
Foto: Yulia Amaral |
Segundo o engenheiro ambiental Alder Flores, o projeto deve ser visto como uma importante ação do poder público municipal, visto que, os estudos indicam que Maceió é carente de área verde. Disse, ainda, que “um programa destinado à arborização da cidade se traduzirá em benefícios para o meio ambiente, onde o ser humano deve ser o mais protegido”.
Disque Árvores
No dia 5 de junho de 2010, quando foi comemorado o dia do Meio Ambiente, a Sempma implantou o Disque Árvores, feito com o intuito de receber pedidos para plantio de mudas de árvore através de ligações. Funciona de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h e visa incentivar a plantação de árvores na capital de Alagoas, a fim de contribuir com o Projeto Maceió Mais Verde.
Fatores como a largura da calçada e a proximidade da fiação elétrica são levados em consideração na hora de plantar as mudas solicitadas pelos moradores de Maceió. As árvores são gratuitas e o plantio é realizado por equipes da própria Sempma. A quantidade de mudas fornecidas não é limitada, podendo ser ou plantas encontradas na Mata Atlântica, ou frutiferas, das que fazem parte do Projeto Frutas da Terra. O plantio será feito com até três dias úteis após a ligação, e o morador deve assinar um termo de adoção, tornando-se responsável por cuidar da planta. Para obter uma muda, deve-se ligar para 0800-082-8000 begin_of_the_skype_highlighting 0800-082-8000 end_of_the_skype_highlighting.
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Falmboyant, protegida pela prefeitura
Foto: Yulia Amaral |
A auxiliar administrativa Patrícia Sátiro, moradora do bairro Pajuçara, foi uma das pessoas que fez a solicitação de mudas. Ela pediu uma espirradeira e plantou na calçada de casa, e ficou muito satisfeita com o atendimento. “É importante contribuir com o meio ambiente e uma ótima maneira de fazer isso é plantar novas árvores. Além de aumentar a quantidade de oxigênio na atmosfera, diminui os poluentes que são tão prejudiciais à saúde do ser humano”, destacou sobre a importância de ter uma atitude como essa.
Termo de Compensação Vegetal
Em 2007, a Sempma baixou uma Instrução Normativa fixando as regras para o Termo de Compensação Vegetal (TCV) referente aos desmatamentos que ocorrem em Maceió, seja em função de obras, ou da necessidade de derrubar uma árvore, caso apresente risco de cair ou uma situação previamente analisada pela própria secretaria. O TCV procura amenizar o impacto ambiental, compensando a agressão ao meio ambiente através do plantio de outras espécies, preferencialmente no local da obra, ou o mais próximo possível. A secretaria ainda exige que, a cada 40m² de construção, mesmo que não haja desmatamento, seja plantada, no mínimo, uma árvore.
A Sempma criou uma tabela que determina a quantidade de mudas a serem plantadas para a compensação em cada caso em específico. Ou seja, o requerente do desmatamento deve assumir o compromisso de compensar o impacto gerado pela atividade que será realizada no local. Ele também precisa pedir autorização para derrubar uma árvore. Para cada árvore derrubada, o responsável precisa se comprometer a plantar, pelo menos, outras três. A quantidade vai depender da espécie, do diâmetro do caule e a altura da planta. Essas medidas servem para disciplinar as intervenções nas Áreas de Preservação Permanente (APP) e nas Áreas de Interesse Ambiental.
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Moradores fazem suas contribuições particulares plantando árvores e plantas em suas casas
Foto: Yulia Amaral |
Termo de Ajustamento de Conduta Ambiental
É um instrumento administrativo, geralmente adquirido pelos órgãos públicos, que visa fazer acordos entre o órgão que fiscaliza e assegura a preservação da conservação e aquele que, ou está para causar algum prejuízo ao meio ambiente, ou já causou. O causador dos danos deve estar ciente do mal que está cometendo em relação ao meio ambiente e se compromete a deixar de causar o dano, ou recuperar o ambiente à sua maneira original.
De acordo com o artigo 225 da atual Constituição Federal, “todo cidadão tem direito a um meio ambiente saudável e ecologicamente equilibrado”. Em Maceió, a Sempma, que adotou a execução desse termo, converte parte do valor da multa a ser pago em investimento na arborização da cidade, incluindo a compra de mudas, a plantação e a manutenção das plantas, feitas por equipes da secretaria.
Iniciativa Verde
A partir de um programa que calcula a quantidade de gás carbono que cada pessoa emite anualmente, é possível saber de que maneira compensar essa emissão. No site www.iniciativaverde.org.br/pt/calculadora, o interessado em calcular seu gasto coloca as informações sobre o uso de combustível no automóvel, consumo mensal de energia elétrica e até viagens aéreas. De acordo com o que for preenchido nos campos solicitados, o site calcula a quantidade de árvores que a pessoa deve plantar para compensar o uso de CO2. É importante que não só a população esteja engajada com a luta pela redução dos gases do efeito estufa, como principalmente as autoridades, trabalhando no desenvolvimento de projetos que auxiliem no sequestro de carbono que precisa ser realizado pelas plantas e pelo solo. Só assim, será possível que o planeta fique ecologicamente mais saudável, não só agora, como pelas próximas gerações.
16 anos depois da morte de Mossoró, a mais famosa casa noturna alagoana continua viva nas lembranças dos antigos clientes
Gilca Cinara
“Teve época que tínhamos mais de 100 mulheres perdidas dentro da boate”. Se recorda o filho do famoso Benedito Alves dos Santos, o “Mossoró”, sobre os anos de grande movimentação na Boate e Churrascaria Areia Branca, consagrada o melhor prostíbulo de Alagoas, nos anos 70 e 80, no bairro do Canaã, em Maceió. Aos 65 anos, o aposentado Alberto Nascimento Santos, mesmo contando que está com a memória fraca, ainda traz boas lembranças dos anos dourados do Areia Branca.
Entre suas lembranças, “Roberto”, como é conhecido, relata o dia em que deixou o bairro do Jaraguá, ao lado do pai para montar o novo negócio na parte alta da cidade. Benedito Mossoró deixou a sua profissão de pintor para se tornar dono de um bar diferente. O primeiro estabelecimento, onde conseguiu uma grande parte da clientela, foi no próprio Jaraguá. No bairro, permaneceu por longos anos na Rua Sá e Albuquerque, até o governo da época determinar o fechamento dos prostíbulos, em 1967.
“Quando fechou o Jaraguá, meu pai ficou sem saber para onde ir. Ele tinha esse terreno aqui no Canaã, e resolveu colocar a boate aqui para fugir da fiscalização do governo. Ele labutou muito para construir, mas não pensava que o estabelecimento ganhasse tanta fama. Ele cismou em entrar para o ramo”, recorda.
O apelido Mossoró foi dado pelos fregueses, devido ao nome da boate Areia Branca, que lembrava as dunas de areia na cidade de Natal. “O povo foi chegando e ele foi ganhando nome”. Ao falar sobre o pai, Roberto o classifica como uma pessoa “bacana e ao tempo reservada”. “Ele sempre procurou o lugar dele. A maior parte do povo gosta de criticar donos de boates. Muitos homens gostam, mas tem mulher que não gosta deste tipo de lugar”, afirmou aos risos.
O prostíbulo ganhou tanta fama, que virou ponto turístico em Maceió. “O povo que frequentava não era de baixa renda. Se citarmos nomes em público a família não aceitará e vai querer criar problemas”, disse Roberto fazendo referencia ao grande número de personalidades políticas que eram fregueses do Mossoró. A casa também foi visitada por personagens como Altemar Dutra, Vera Fischer, Martinho da Vila e outros.
Das luzes às ondas musicais por todo o Brasil
Rapidamente, as luzes e as mulheres que animavam o local ganharam fama nacional. A boate, inclusive, virou tema de música do sambista Martinho da Villa e do alagoano Djavan.
“... Vou tomar uma azuladinha
E vou convidar vocês
Pra comer uma agulinha
Lá na Praia do Francês
E um casadinho de feijão
Lá na casa do Seu João
E depois vou vadiar
Com as meninas em Mossoró
Só em MaceióSó em MaceióÉ que se pode vadiarCom as meninas de MossoróCom as meninas de MossoróAlagoas, AlagoasHá Alagoas...”, escreveu Martinho da Villa.
Essa situação não serviu para melhorar o local. Mesmo com o passar do tempo e o crescimento econômico, a rua mais movimentada do bairro ainda continua com o aspecto encontrado por Mossoró, em 1969: esburacada, sem saneamento e pavimentação. No local erguido o palácio do Rei da Noite, hoje é preenchido por residências de aluguéis, divididas entre os três filhos. Em um desses imóveis reside Roberto, com a mulher e o neto.
“Depois que ele faleceu passei um ano à frente da boate, mas não agüentei. Os impostos eram muito pesados, na época pagava R$ 1.200 só de energia para tirar esse dinheiro vendendo cerveja. O povo já tinha parado de consumir as bebidas mais caras, onde eu conseguia tirar mais lucro. Desde então continuei morando aqui (Canaã) há mais de 45 anos. Agora penso em deixar o bairro, o que tinha que perder aqui eu já perdi, perdi meu pai”, se emociona Roberto.
Com a fama do Mossoró e a movimentação na região ainda deserta, começou o crescimento do bairro do Canaã, hoje habitado por mais de sete mil moradores. A população, em sua maioria, é oriunda do Interior. Muitas pessoas que trabalharam no Areia Branca fixaram residência no bairro, após o seu fechamento, em 1995. Benedito Mossoró faleceu no dia 14 de dezembro de 1994, vítima de um infarto fulminante. Com a sua morte, o Areia Branca resistiu menos de um ano com as portas abertas.
Na época do sucesso, outros prostíbulos se instalaram ao redor do Areia Branca, que se destacava pela sua organização e pela “excelente” seleção das mulheres. “Quem tinha dinheiro freqüentava o Areia Branca duas, três vezes na semana. Quem não tinha se contentava com outros, como o Bar do Paulo, a Sandra, Eliane e outros cabarezinhos que tinham por lá”, lembra um freguês assíduo do Mossoró, que prefere não se identificar para não ter mais problemas com a esposa.
Para o presidente da Associação dos Moradores do Cannã, José Bonifácio, o fundador do bairro foi Benedito Mossoró. Com o tempo, fábricas foram instaladas no local, os terrenos começaram a ser invadidos por trabalhadores, que deram o nome de sua cidades para as ruas. “Satuba, Porto Calvo, Anadia, Maragogi, Quebrangulo, Jequiá e antiga Rua Camaragibe são os nomes batizados das sete ruas do Canaã”, conta.
“O Canaã para nós hoje é uma cidade. Tem muito gente que saiu daqui a época quando começou o crescimento do bairro, que hoje quer voltar e não tem mais condições. O bairro se desenvolveu muito. Hoje temos uma população de mais de sete mil moradores”. Mesmo com todo o desenvolvimento, Bonifácio lamenta a discriminação da área onde funcionavam os prostíbulos, esquecida pelo poder público.
A noite de gala no Mossoró
O aniversário da boate era comemorado em grande estilo. Todos os anos, Benedito Mossoró oferecia uma festa para sua clientela, regada com muita bebida, música e o glamour das suas meninas. Todos seguiam o estilo elegante do grande anfitrião da festa, que tinha sua preferência pelo terno branco, marca registrada do mais conhecido boêmio alagoano.
“A festa era com todo mundo de sapato alto e mulheres com vestidos longos. A fila de carro era grande, a cerveja era de graça, de 50 a 100 grades de cerveja. A festa começava no final da tarde e antes das 22h a bebida já tinha acabado. O povo devorava tudo. Todo ano ele dava essa festa. Ele era tão ruim, que ele fazia isso. Ele ajeitava muito os clientes, ai você tinha que voltar, ali é bom e vou ter que voltar”, disse Roberto.
As meninas do Mossoró
A beleza das meninas do Mossoró encantava quem por lá frequentava. “Mulheres selecionadas a dedo”, riu o filho do empresário da noite. E assim que muitos fregueses da época qualificam as meninas. Para trabalhar no Areia Branca não bastava apenas ser bonita, mas tinha que saber agradar ao cliente. Tinha que ter molejo.
Apesar da renovação das meninas ser sempre constante, muitas histórias de amor nasceram com as visitas habituais ao estabelecimento, como é caso do aposentado Cícero Lima. “Eu me apaixonei por uma das meninas chamada Daniela. Por pouco não me casei com ela, como fez o meu primo que casou com outra menina do Mossoró, e construiu uma família com três filhos e netos”. O trecho relatado por Cícero se assemelha a tantos e tanto casos. “Hoje muitas das mulheres que trabalharam no Mossoró estão casadas e são mães de família”, conta, relembrando que elas vivem apenas nos sonhos dos antigos clientes.
Uma pessoa em Recife se encarregava em trazer as meninas das cidades de Aracaju, Caruaru, Recife, Campina Grande até Maceió. Algumas delas, como já trabalhavam no ramo há muito tempo, chegavam ao Areia Branca sozinhas, acompanhadas apenas ‘da cara e da coragem’. Todas elas dividam os quartos construídos por Benedito Mossoró. Em época de grande movimento duas a três mulheres moravam no mesmo quarto. “Ele (Mossoró) ia buscar também. Mas na época ninguém podia trazer duas, três mulheres no carro não que a Polícia pegava, porque sabia que era tráfico de mulheres”, disse Roberto.
Bem apresentáveis, elas não desapontavam nenhum cliente que as convidavam para também fazer companhia em festas sociais. “Lembro-me que nos finais de ano, eu e um primo pegamos cinco mulheres do Mossoró e levamos para uma festa no Clube Fênix. Elas eram muito bonitas, educadas e bem vestidas circulavam normalmente em todo lugar. Só sabia o que elas faziam quem lá frequentava. Na rua ninguém comentava nada, pois quem via achava que o cara estava acompanhado da esposa. Isso aconteceu outras vezes, inclusive na festa de formatura do meu primo no Iate Clube. Elas se comportavam melhor que certas mulheres donas de casa que quando enchiam a cara ficavam loucas nas festas”, contou um empresário que preferiu manter-se no anonimato.
Poucas confusões foram vista dentro da boate Areia Branca, graças à organização do Mossoró e a fiscalização do gerente, o senhor Djalma. Da amizade existente entre seu pai e Djalma, Roberto jamais esqueceu. Se vivo estivesse, Djalma seria o grande narrador das noites boemias e festivas no Areia Branca. Quando faleceu, há 16 anos Benedito Alves, o Rei da Noite, deixou a casa em pleno funcionamento, com nove funcionários e uma dezena de mulheres. Clientes assíduos, ao relembrar das aventuras no Mossoró enchem a boca para dizer: “Era um ambiente quase familiar”.

Trabalhos sociais voltados para educação e profissionalização são formas utilizadas para promover a mudança das comunidades
Fabyane Almeida
Educar com um único objetivo: mudar a rotina de crianças e jovens que vivem nas periferias de Maceió, próximo à criminalidade e à marginalidade diária. Essa é uma das muitas tarefas dos educadores que coordenam Organizações Não Governamentais (ONGs), que buscam em trabalhos diferenciados a solução para retirar essas crianças dessa dura realidade e poder prepará-los para um futuro diferente.
De acordo com uma pesquisa divulgada pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), entre jovens de 12 a 18 anos, tem crescido. Ou seja, seis de cada sete assassinatos são motivados por arma de fogo. Foi identificado ainda como um dos fatores agravantes dessa situação a desigualdade social que afeta a renda e ressalta ainda que as mortes mais violentas nas regiões tem cor, nível social e idade.
Em contrapartida, regiões onde programas de incentivo à educação está presente é possível notar uma redução desses homicídios, pois acabam protegendo mais o adolescente. Assim acontece na ONG Sua Majestade O Circo, localizada na Vila Emater desde 1998, que realiza trabalhos com uma proposta pedagógica construtiva, onde o aluno participa da aula que se identifica. Os jovens têm aulas de balé, teatro, coral, música, dança, artes plásticas, incentivo à leitura, educação ambiental e técnicas de circo.
A ONG atende 248 crianças, e uma vez por mês realiza reuniões com as famílias para tratar do futuro do jovem. Segundo a coordenadora do projeto, Peró Andrade, a ONG realiza trabalhos para livrar os jovens do mundo da prostituição e das drogas. “Muitos desses jovens abandonavam a escola antes de chegarem à quarta série e acabavam ingressando para o mundo das drogas; alguns até foram assassinados. Mas esses que entraram com 5 anos, nós educamos desde pequeno e não nos preocupamos, pois eles têm todo acompanhamento. E as reuniões com as famílias é fundamental para ter um bom desenvolvimento”, disse.
Algumas das atividades recebem apoio de empresas e de multiplicadores sociais, como acontece com as aulas de circo. Jovens que aprenderam na ONG participaram de cursos com o Cirque Du Soleil e o do ator Marcos Frota. Eles adquiriram a técnica e hoje transmitem o conhecimento aos mais novos. “Seis multiplicadores do circo dão aulas para as crianças, e esse trabalho rende frutos. Nós fomos para o festival de Circo Social da Nossa América, que aconteceu em Goiânia. Isso para nós já representa uma grande conquista”, falou emocionada Peró. “Além de desenvolver um lado importante, que é a concentração, que ajuda no desenvolvimento escolar”, explicou.
Outra atividade que também rendeu frutos foi à pintura do muro da Algás. “Vinte e dois jovens que faziam parte das aulas de artes plásticas pintaram o muro da Algás; e agora no início do ano nós vamos voltar lá para refazer a pintura que já está precisando de reparos”, afirmou a coordenadora.
A maioria dos pais das crianças são analfabetos e catadores de lixo sem nenhuma instrução. Quanto às crianças que participam do projeto da ONG, todas estudam e recebem educação ambiental. Para Peró, o estudo do material reciclado é necessário. “Elas têm muito cuidado onde colocam o lixo. Para elas garrafa pet e latinha significam dinheiro, pois os seus pais são catadores e utilizam esse material para o sustento de suas famílias”, disse.
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Malabarismo é uma das atividades da "Sua Majestade o Circo"
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Formando artistas para a vida
A busca por um futuro melhor, para seus filhos é o que motiva os pais das crianças e jovens da Vila Emater que frequentam o projeto Sua Majestade O Circo a participar junto com eles em algumas atividades. Para Maria Quitéria da Silva, que tem dois filhos participantes do projeto há dois anos, é melhor saber que eles estão aprendendo algo no projeto do estar na rua. “Quando eles vão para o projeto eu fico tranquila, porque sei que lá eles ocupam a cabeça com algo que vai ajudar no futuro”, disse preocupada Quitéria.
Já para Maria Luciana Paulo dos Santos, mãe de três meninos que estão no projeto, integrar a ONG significa um mundo fora das drogas. “Tenho três filhos que estão lá, fazem parte das atividades do circo e do coral. Uma filha já foi monitora de números aéreos, hoje está casada, largou o projeto, mas ainda pensa em voltar”, afirmou Luciana. “Aprendi a fazer boneca, sombrinha de garrafa pet. A ONG também atende a toda família”.
A insegurança na favela causa medo aos jovens que deixaram de participar das atividades. Esse é o caso do adolescente José Samuel, que esteve na “Sua Majestade”, durante 9 anos. “Eu adorava quando fazia malabares, cheguei a viajar para apresentar nas caravanas e em outros estados e para assistir ao Cirque Du Soleil”, relatou. “Já aconteceu de estarmos aqui no meio da favela e a polícia entrar atirando e quando estamos lá, tenho certeza que estamos seguros”, finalizou José Samuel que ficou um ano afastado do projeto.
O trabalho que ganha novos rumos
O Projeto Erê, realizado na Vila Brejal, surgiu inicialmente com a perspectiva de atender a demanda de crianças e adolescente moradores de rua. Alguns educadores se reuniram e fundaram o projeto, que já existe há 20 anos.
Durante muito tempo, o trabalho foi realizado exclusivamente com os moradores de rua. Com o passar do tempo perceberam a necessidade de realizar trabalhos preventivos, porque as crianças atendidas eram oriundas da orla lagunar, que antes funcionava no Centro.
Uma das tarefas da ONG é a educação infantil de crianças da própria comunidade. Há dois anos, não são realizadas atividades com os meninos de rua por falta de apoio. Para Átila Vieira, coordenador do projeto, é muito difícil manter uma ONG. “Quem mantém a ONG são duas igrejas, uma católica e uma evangélica além de uma banda da Alemanha, que repassa parte do dinheiro que eles arrecadam com venda de DVD e shows”, explicou.
A ONG já realizou cerca de 200 atendimentos por mês com os moradores de rua, onde o principal objetivo era a reintegração dessas crianças à família. Hoje atende 40 crianças com idades entre 4 e 5 anos, que recebem a pré-alfabetização. Segundo Átila, no próximo ano a ONG ganhará mais espaço. “Como iremos ter um maior espaço no próximo ano, pretendemos ampliar as nossas atividades para 120 crianças e retomar a capoeira, dança, banda e o teatro”, relatou.
De acordo com Átila Vieira, o trabalho que realizado na ONG tem o objetivo de ajudar no desenvolvimento das crianças. “Algumas crianças ficam os dois horários pelo fato de os pais trabalharem e não terem com quem ficar, aí acabam ficando aqui mais tempo que o necessário”, finalizou Peró Andrade.
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Atividades tiram crianças do trabalho infantil |
Ações vão muito além de educação
No bairro do Pontal, a ONG tem como principal objetivo trabalhar a cidadania de crianças e jovens da periferia. O projeto Mulungu atende 120 jovens, entre 15 a 17 anos, que estão inseridos no Pró-Jovem Adolescente, que tem parceria o Governo Federal e com a Secretaria de Assistência Social (Seas).
Há 8 anos que a ONG realiza vários trabalhos, um deles é o Pré-Vestibular comunitário, que, em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (UFAL), prepara os estudantes para o vestibular. De acordo com Luiz Carlos, coordenador do projeto, a cada ano o número de estudantes participando do vestibular aumenta. “Este ano foram mais de 50 pessoas inscritas fazendo vestibular, o maior número de todos os anos”, falou.
A ONG atua em parceria com a Secretaria de Saúde, no Programa de Prevenção das DST–Aids, onde são distribuídos preservativos na própria instituição. “As pessoas se cadastram e passam a receber semanalmente os preservativos”, informou o coordenador.
Já com a Secretaria do Estado foi aprovado “O Projeto Mulungu Previne no Meio da Rua”, que vai ter início em janeiro. O projeto busca atender diretamente cerca de 500 pessoas por mês. A proposta é realizar nas ruas da cidade de Maceió diversas atividades como palestras educativas, apresentações culturais, distribuição de material educativo e preservativo.
Orientação social, arte e cultura e esporte e lazer, essas são algumas das atividades desenvolvidas pela ONG e o jovem ainda recebe um acréscimo no bolsa família. Para que o jovem esteja inserido numa dessas atividades é necessário estar frequentando regularmente a escola.
Para Jeferson Alves, essa é uma ótima oportunidade para os jovens que moram tão próximo ao tráfico. “Essa é uma oportunidade de retirar crianças e jovens do mundo das drogas e livrar-lo de atitudes erradas. Meus pais me apóiam porque sabem que eu não estou fazendo nada de errado aqui”, afirmou.
De acordo com Charles Pereira, responsável pelas aulas de esporte e lazer, essa também é uma atividade que faz revelar talentos. ”Nós tentamos fazer com que eles percebam que o esporte é um caminho do bem e que é melhor, mais proveitoso que estarem na rua perto do envolvimento com as drogas. A comunidade já perdeu muitos jovens para o mundo do crime, adolescentes com 16 anos sendo assassinado, isso é terrível”, explicou Charles que já foi aluno do projeto e agora participa sendo professor de uma das atividades.
A irmã dele, Michele Pereira não teve o mesmo empenho com o projeto. Foi mãe aos 15 anos de idade e hoje não frequenta com regularidade a ONG. “Esses trabalhos são realizados por pessoas, na maioria das vezes são voluntárias e tem o poder de mudar trajetórias da vida de jovens que vivem nas periferias de Maceió, em meio ao mundo do crime, da marginalidade e das drogas”, completou Charles Pereira.

A história do sétimo maior produtor do setor sucroalcooleiro que
sobrevive da plantação da cana-de-açúcar desde a época da colonização
Por Beatriz Nunes e Ingryd Brito
Segundo menor estado do Nordeste, atualmente com mais de três milhões de habitantes, Alagoas é um estado cuja economia gira em torno da cultura da cana-de-açúcar, primeiro produto explorado nas terras recém-descobertas pelos portugueses em pleno século XVI. É também este mercado que dita o ritmo da vida do povo alagoano, desde o engenho do passado até os dias atuais.
A produção sucroalcooleira em Alagoas teve início a partir da visão do alemão Cristovão Lins ao chegar ao Estado, à época pertencente a Pernambuco e comandado pelo donatário Duarte Coelho. Os registros históricos retratam que Cristovão fundou os três primeiros engenhos alagoanos, que receberam o nome de Bueno Aires, Escurial e Maranhão, na região de Porto Calvo, hoje cidade da região Norte.
O açúcar e a economia alagoana
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Ingryd Brito |
“A economia de Alagoas começou com a base do açúcar e continua, apesar de toda essa diversificação”. Esta é a afirmação do economista e jornalista Jair Barbosa. De acordo com ele, apesar do estado apresentar atividades em outros setores, como o cloroquímico, com a Braskem, a Petrobras, com o gás, o petróleo e o fumo em Arapiraca a base econômica de Alagoas continua sendo o açúcar.
Na década de 80, Alagoas foi considerado o segundo maior produtor de açúcar do país, perdendo apenas para São Paulo. Desde então, vem perdendo espaço para outros estados como Paraná e Minas Gerais. Até mesmo empresas alagoanas já possuem unidades nestes estados. Para Barbosa, a perda reflete na economia e no desenvolvimento do estado. “Nós perdemos espaços e hoje estamos em quinto lugar na produção do açúcar, mas no Nordeste ainda estamos em primeiro, estamos a frente de Pernambuco. Esta é uma atividade que gera muito emprego, não tanto quanto já se gerou. Para se ter uma ideia, há 20 anos atrás, a cada safra de usina [que acontece a cada seis meses], a atividade empregava mais de 300 mil pessoas. Hoje este número não chega nem a 100 mil. Por que isto, se Alagoas continua sendo o carro-chefe da economia? A resposta é simples: é a questão da mecanização”, explica o economista.
A produção sucroalcooleira tem suprido uma demanda interna grande. Os números de exportação alagoana diminuíram. Com o passar dos anos, os compradores foram ficando mais exigentes no quesito qualidade. Alagoas enfrenta este problema desde o início da sua produção de açúcar. Barbosa explica que a falta de ética nas negociações do açúcar brasileiro abriu espaço para que produtores de outros países ganhassem espaço na venda de seus produtos, o que gerou a primeira crise do açúcar, ainda no século XVIII.
“O que Alagoas tem hoje é uma atividade mecanizada, altamente tecnológica, porque o comprador estrangeiro que compra o açúcar brasileiro exige uma boa qualidade, o que era diferente da época dos engenhos, quando não havia tecnologia. Houve uma crise no açúcar no século XVIII que atingiu em cheio Alagoas, Os senhores de engenho colocavam pedra dentro das barricas de açúcar e isso foi descoberto na Europa. Eles deixaram de comprar o açúcar brasileiro e começaram a compra o que era produzido das Antilhas, no caribe. Essa foi a primeira crise que nós passamos, porque os europeus já queriam qualidade nós tentávamos enganar o comprador, que pagava o preço do peso enquanto só tinha a metade”, relata Barbosa.
Não que o nosso produto não possuísse qualidade, pelo contrário. O açúcar alagoano que é exportado é o demerara que, ao chegar ao destino, passa por um processo de clareamento, cristalização, refino. Quem faz o açúcar mascavo e rapadura, faz com a cana sem nenhum produto químico, um adubo orgânico, nada químico.
O êxodo rural
A queda na produção e na exportação mudou o quadro alagoano. Para economizar e modernizar sua produção, a fim de recuperar a qualidade exigida pelo mercado europeu, os usineiros passaram a investir na modernização de seus engenhos e usinas. Esta é a fase que dá início a um problema social: o êxodo rural. Trabalhadores sem emprego buscam nas grandes cidades uma maneira de trabalhar para sobreviver.
“Um usineiro compra uma maquina que substitui 100 cortadores de cana, então para eles o custo da aquisição da maquina é alto, mas compensa com o passar do tempo porque ele não vai ter a questão trabalhista. Isto sem falar na moradia das pessoas. Houve o êxodo rural por conta disto. O emprego caiu em função da mecanização, tanto no campo como na própria cidade”, relata o economista.
Ainda segundo ele, o trabalhador rural sente dificuldade de adaptação e obtenção de emprego pela falta de profissionalização. “Com a diversificação na economia de Alagoas, outros setores foram absorvendo essas pessoas, apesar deles não saberem muitas coisa. Porque para o trabalhador rural que corta cana, o conhecido ‘boia fria’, quando ele chega numa capital e até mesmo numa cidade do interior, eles não têm no que trabalhar. Há dificuldade, mas as próprias empresas já estão conseguindo treinar estas pessoas para poder absorver esta mão de obra, que é barata. E ainda tem a parte deles, trabalhista, com carteira assinada porque já no corte de cana eles não têm isso, É um trabalho sazonal, eles trabalham seis meses e param por mais seis”, explica.
As mudanças na comercialização refletem em vários setores. As usinas em Alagoas, que eram praticamente cidades, com suas vilas operárias, atualmente possuem casa apenas pra aqueles que trabalham no escritório, ou para algum trabalhador rural responsável pelo cultivo da terra no período de entressafra, quando ele fica cuidando da terra.
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- JAIR BARBOSA - |
Sem legislação trabalhista, sem direitos legais, os trabalhadores rurais não possuíam garantias de um futuro que permitisse largar o plantio da cana a partir de determinada idade ou tempo de serviço. “Eles [os trabalhadores rurais] começaram a se aposentar agora, há 50 anos, na década de 60, com a criação do Funrural, Contribuição Social Rural destinada a custear a seguridade geral, resultado bruto da comercialização rural. Ninguém se aposentava. Quando os engenhos passaram a ser usinas, começou a legislação trabalhista. Antes disso, as usinas pagavam salários, mas eles não tinham direitos, benefícios. O que eles tinham era o que o patrão disponibilizava: alguns davam casa, escola, saúde. Mas isso foi acabando aos poucos”, revela Barbosa.
Com o fim dos poucos benefícios oferecidos e a chegada das máquinas às usinas, o êxodo cresce. “A mecanização foi jogando para a cidade os trabalhadores rurais, os cortadores de cana. As usinas não têm mais casa para eles e eles trabalham somente seis meses no ano. Então eles moram na cidade e durante o período da safra as usinas mandam buscá-los. Alguns assinam a carteira por aquele período, mas a imensa maioria, principalmente a fazenda de cana, que fornece a cana, não assina a carteira. O trabalhador assalariado com carteira é aquele mais fixo, que fica lá na usina o tempo todo, mas é muito pouco”, afirma Jair Barbosa.
Para Barbosa, a superlotação das grandes cidades, o aumento do lixo nas ruas e o crescimento do número de desempregados é mais uma consequência da migração do trabalhador sem qualificação do campo para a cidade. “É por isso que surgem as favelas, principalmente na capital. Maceió inchou, Maceió tem hoje quase um milhão de habitantes, justamente em função do êxodo rural. Da saída do homem do campo para a capital, que chega aqui, não encontra trabalho e vai morar na favela. Depois o governo constrói a casa e ele continua sem trabalho, então ele vive de biscate. Hoje existem os programas sociais como bolsa família, então eles vivem de bolsa família, onde a mulher recebe a renda e o homem vai viver de biscate”, explica.
O economista explica, ainda, que as famílias que optam em não migrar para a cidade grande encontram na agricultura uma forma de sobrevivência, uma prática que tem adquirido mais adeptos. “A agricultura familiar é outro setor que tem crescido. As pessoas têm um pedaço de terra e elas plantam para vender. Os sem-terra são exemplos nesta área. Plantam a agricultura de subsistência, que é para comer e vender. É o inhame, o feijão, as frutas e hortaliças que eles trazem para realizar feiras”, diz.
Apesar de Alagoas estar entre os cinco maiores produtores de açúcar do Brasil, o estado continua com baixos índices de desenvolvimento. O economista Jair Barbosa alerta que estes números negativos são reflexos de uma distribuição desproporcional de rendas. “Houve alguns avanços, mas Alagoas continua com os piores índices sociais do Brasil. Temos o maior índice de analfabetismo, de mortalidade infantil, agora tem a questão da violência Isso porque Alagoas é um estado rico economicamente e pobre socialmente, o mais pobre do pais. É rico mas com a riqueza em mãos de 5% da população, dos usineiros, donos das grandes industrias. É um retrato do Brasil e o Brasil é a sétima economia do mundo, mas em desenvolvimento está no septuagésimo lugar”, afirma.
Questionado sobre as soluções existentes para mudar este quadro do estado, Barbosa acredita que alguns projetos federais e estaduais podem ajudar a transformar a história de Alagoas. “Alagoas tem condições de mudar porque nós temos alguns projetos, do próprio Governo Federal, como o próprio canal do sertão, que está andando. É uma questão política, mas que está se consumindo. Ele vai levar água para todo o sertão, isso pode transformar Alagoas em um oásis, como foi Petrolina e Juazeiro na Bahia, com a irrigação”, explica.
O tamanho do estado, na opinião do economista é fator importante para a mudança. “Alagoas tem toda chance, porque é um estado pequeno, tem 27 mil km quadrados, com uma população de três milhões de habitantes, com um litoral imenso, de 280 mil km, hoje quase todo ligado no asfalto e com um turismo de fonte de geração de emprego e renda”, finaliza.
A história
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REPRODUÇÃO |
Terras férteis, banhadas por rios e lagoas, índios para usar como mão de obra barata. Este foi o cenário encontrado pelos colonizadores portugueses ao desembarcarem em terras alagoanas. O nome “Alagoas” surge exatamente neste período, pela abundância de águas ao redor do território encontrado.
De acordo com o Barbosa, a região onde hoje existe a cidade de Porto Calvo foi o primeiro ponto a ser ocupado com a finalidade da plantação da cana-de-açúcar, portanto, o início da história alagoana. “Para se falar da história de Alagoas tem que se começar falando da história do açúcar. Os primeiros engenhos de Alagoas foram fundados na segunda metade do século XVI, através de um alemão, Cristóvão Lins. Ele fundou os três primeiros engenhos em Porto Calvo, que ele também fundou como povoado e daí começaram a surgir o cultivo da cana, o desmatamento em Alagoas”, explica.
Barbosa lembra, ainda, que o início da produção não foi tão fácil quanto parecia ser. Segundo ele, a opção de usar os índios que habitam a área então ocupada pelos portugueses para trabalhar com o novo “empreendimento” não obteve êxito. “Os problemas enfrentados no começo da plantação da cana era muitos porque índios não se adaptavam a esse cultivo. Eles eram acostumados a pescar, caçar, plantar macaxeira, e não eram acostumados na agricultura, não sabiam o q era cana-de-açúcar, porque isso não existia. Isso surgiu com os colonizadores. A partir daí vieram os novos colonizadores e formou-se o que é hoje Alagoas porque até então, tudo pertenciam a Pernambuco. Éramos capitania de Pernambuco”, afirma.
As mudanças necessárias para o sucesso do setor sucroalcooleiro foram adotadas pelos portugueses que chegaram depois de Cristóvão Lins. “Depois do Cristóvão Lins veio o Antônio de Barros Pimentel, que também era português. Eles ficaram na região das lagoas, em Marechal Deodoro e Pilar. Depois, outros migraram para São Miguel dos Campos e Penedo. Tudo era cana, até Penedo”, diz o economista.
Com o crescimento no novo produto, os índios foram substituídos por escravos, resultado da falta de adaptação com o serviço. Com tantas mudanças e investimentos, o setor sucroalcooleiro cresceu, colocando Alagoas como precursora do mercado das usinas no Brasil. “O s primeiros trabalhadores de engenhos eram escravos e depois da abolição, em 1888, passaram a morar nos engenhos e depois passaram a morar em usinas. Em 1890 começaram a surgir usinas de Alagoas. A primeira usina brasileira foi em Atalaia e as usinas substituíram os engenhos, davam moradia, não tinham mais senzala. A partir de 1890, a nova mudança: eles começaram a pagar salário aos trabalhadores”, explica Barbosa.
O Engenho Monte Verde
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Beatriz Nunes |
A cana-de-açúcar, sua produção e estrutura foram responsáveis por grande parte da construção de Alagoas. O surgimento de algumas cidades aconteceu exatamente como uma evolução da produção da cana no local. Os terrenos eram ocupados, viraram plantações e daí surgiram as vilas que, em alguns casos, tornaram-se município. Em consequência, seus primeiros políticos e governantes eram fazendeiros, plantadores da cana.
Na cidade de Chã Preta, a 108 km da capital Maceió, o histórico da formação da cidade seguiu esta linha. A área pertencia ao município de Viçosa, famosa por possuir em suas terras muitos engenhos. O primeiro prefeito de Chã Preta assumiu no ano de 1962, Benedito Soares de Vasconcelos entrou na política quando ainda era proprietário de um engenho famoso na região: o Monte Verde, que ficava dentro da sua fazenda, também do mesmo nome.
“Meu marido foi o primeiro prefeito da cidade, assumiu em março de 1962, quando Chã Preta deixou de pertencer a Viçosa e ele foi prefeito três vezes, um prefeito muito homenageado”, afirma Maria da Salete Pimentel de Vasconcelos, 77 anos, proprietária da fazenda onde funcionava o Engenho Monte Verde. A cidade chegou a possuir mais de 15 engenhos em atividade.
Atualmente, Benedito Soares vive em estado vegetativo, dentro do quarto, vítima de uma doença degenerativa. Sua esposa, Maria da Salete, administra a fazenda que um dia sustentou a família através da produção sucroalcooleira.
O Engenho Monte Verde funcionou mais de 70 anos, quando ainda era propriedade de Manuel Firmino [pai de Benedito, esposo de Maria da Salete]. No começo, produzia apenas rapadura e era caracterizado como Manjar, porque usava apenas os bois, somente depois compraram as rodas utilizadas na produção. O engenho parou de funcionar em 1999 e no auge da produção chegou a produzir 10 cargas de rapadura por dia, com cada carga equivalente a 400 rapaduras.
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Ingryd Brito |
“Uma carga era vendida a um valor que hoje equivale a R$ 400. Os matutos compravam para revender nas áreas do sertão e do agreste. A cana começava a ser plantada no mês de agosto e era colhida após oito meses”, explica Maria da Salete.
No Engenho Monte Verde, a família conseguia sobreviver da produção de rapadura. Para uma produção era necessário ter uma equipe de pelo menos 30 funcionários. Entre as atividades exercidas, existiam os cortadores de cana, mestre de rapadura, fornalheiro, encaixador, mestre para fazer mel. Além dos bagaceiros, que eram encarregados de tirar o bagaço da cana, cambiteiro, batedor de forma, cevador - que colocava a cana na moenda e do moedeiro.
A moagem começava entre os meses de agosto e setembro e durava até março, parando no inverno. Em tempos de muita procura o trabalho no Engenho Monte Verde iniciava a sua jornada uma hora da manhã e, em alguns dias, chegava a terminar a tarde. O engenho possuía apenas um salão com uma roda e uma fornalha.
Com a jornada de trabalho puxada, os trabalhadores moravam dentro das terras onde funcionavam os engenhos. Uma pequena estrutura era proporcionada para as famílias dos senhores de engenhos e seus trabalhadores, como explica a proprietária: “Os trabalhadores que viviam das atividades de engenho moravam aqui mesmo. Tínhamos até uma escola funcionando ao lado da nossa casa. Quando eu casei dei aula nessa escola e gostava muito do que fazia. A escola deixou de funcionar a quatro anos, porque o número de alunos era pequeno”, disse.
A diminuição da demanda pelo produto, no século passado, fez com que os proprietários das fazendas dessem início a outros tipos de produção, a fim de completar a renda que era perdida. “A baixa procura pelo produto fez com que os engenhos começassem a passar por uma crise. Então, quando a gente decidiu parar com a produção de rapadura, investimos na produção de leite. Nós já trabalhávamos com isso, mas passamos a investir mais. Compramos máquinas, como resfriador, e hoje nossa produção é comercializada na região e vivemos basicamente disto”, explica Maria da Salete.
Para alguns, a exemplo de Salete, a época de produção dos engenhos e da fazenda movimentada deixou lembranças inesquecíveis. “A época de engenho era muito animada e se eu pudesse voltava no tempo, tenho muita saudade daquela época”, finaliza.
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Beatriz Nunes |
Pedro Joaquim Vital, conhecido como Pedro Lipu, tem 82 anos e é pernambucano. Ele veio morar em Alagoas aos 10 anos de idade quando sua mãe resolveu se mudar para cá. Ele é ex-funcionário do Engenho Monte Verde e trabalhou 50 anos nos engenhos de Alagoas e Pernambuco. Para ele, as lembranças da época são outras. “Eu comecei no engenho tirando bagaço, comecei desde pequeno. Nunca possui pai e eu ajudei no sustento da casa. Cansei de dizer e repito: os patrão (sic) tinham duas caras. Se a rapadura tivesse boa ele estava com a cara boa e se tivesse ruim ele ficava de cara feia, a gente nunca era bom pra eles”, diz.
Além do Monte Verde, Pedro Vital trabalhou em engenhos como Antônio Teixeira, Serraria, Tobias e Pedra de Fogo. Ele relata que o trabalho era pesado, uma jornada cansativa, quase escrava. “Eu comecei a fazer de tudo nos engenhos depois eu passei a rodar a tacha pra fazer rapadura. O trabalho dependia do patrão, às vezes começava quatro da manhã e ia até 11 da noite. Às vezes a gente amanhecia o dia, dependia da quantidade de matuto [comprador que revendia nas cidades] que tivesse pra pegar rapadura. Muitos vinham do sertão e precisavam viajar no mesmo dia”, recorda.
Vital explica que o fim da era dos engenhos em Alagoas não foi fácil para quem trabalhava na fazenda. Há 15 anos ele deixou o engenho para trabalhar na roça. “Quando eu larguei essa vida fui trabalhar em roça, na minha e na dos outros. Não tenho saudade dos engenhos, eu sofria muitas noites de sono e a minha melhor época é essa”, afirma e completa: “Dos donos de engenhos só dois estão vivos, a família deles é tudo rica, não tem nem um pobre não. Agora a gente vive de plantar na roça pra poder comer”, finaliza.
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Beatriz Nunes |
Pedro Necreto dos Santos, 69 anos, também é ex- funcionário do Engenho Monte Verde. Ele trabalhou 20 anos em engenhos, oito destes em Pernambuco e o restante no Monte Verde. “Eu cortava a cana e cambitava [guiava os animais]. Comecei nessa profissão quando ainda era solteiro, casei e sustentei minha família trabalhando no engenho. Me lembro como hoje, ganhava três cruzeiros”, explica.
Para ele, o trabalho com cana-de-açúcar era uma falta de
opção a quem não era de família rica. “Naquela época a condição pra viver era aquela. Todo mundo era pobre e não tinha do que viver. Meus pais trabalhavam na roça e a gente morava na terra dos donos dos engenhos onde a gente trabalhava. Comecei a trabalhar ainda criança na plantação de mandioca. Eu com nove anos já 'tava' na casa de farinha, ajudando meu pai, mas eu já achava a plantação de cana bonita”, recorda.
“Quando eu estava cambitando, começava a trabalhar quatro horas da manhã, mas quando estava dentro do engenho era uma hora da madrugada que começava.
Dependendo da cana que tivesse no engenho começava de uma e ia até às nove horas”, diz.
O fim da era dos engenhos não proporcionava muitas opções aos trabalhadores que deixavam as plantações de cana. Assim como Vital, Pedro dos Santos investiu na produção da agricultura de subsistência. “Quando o engenho fechou eu comecei a trabalhar numa roça, porque só era isso que eu sabia fazer. Trabalhar com cabo de inchada no meio da plantação”, explica Santos.
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Ingryd Brito |
Ainda de acordo com ele, as mudanças foram boas para estes ex-trabalhadores. “Hoje eu planto minha roça numa terrinha minha, ganhei da prefeitura e vivo bem melhor porque naquela época era muito difícil. O trabalho era pesado, eu não podia botar uma rocinha pra mim e hoje eu posso fazer isso. A verdade é que hoje em dia não tem um pedaço de terra quem não quer. Só não trabalha quem não quer”, afirma, sorridente.
Os engenhos e sua mecanização
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Ingryd Brito |
A 104 km de Maceió, na cidade de Junqueiro, a produção da cana-de-açúcar, da cachaça de engenho e demais produtos provenientes da cana continua em pleno funcionamento. A diferença é o estilo de produção. A cidade, que possui mais de 23 mil habitantes, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístca (IBGE), é sede da fábrica da empresa “Brejo dos Bois”, atualmente a maior produtora de gêneros alimentícios vindos da cana em Alagoas.
A empresa está no mercado há cinco anos e tem obtido sucesso neste processo de produção industrializada. De acordo com Luciano Amorim, gerente e produtor da fábrica, o número de funcionários é pequeno, devido à mecanização da empresa. “Na época da entressafra nosso número de funcionários aumenta e chega a 12, mas, normalmente, nossa empresa é formada por apenas quatro pessoas que ficam responsáveis pela produção e embalagem. Começamos a empresa com uma estrutura de agroindústria”, explica.
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Beatriz Nunes |
Apesar do baixo número de funcionários, a produção da empresa no ano passado ultrapassou os 22 mil litros de cachaça orgânica. Além da cachaça, que pode ser consumida em quatro tipos: tradicional, envelhecida, sabores com mel de engenho e edição especial, a empresa ainda produz o mel de engenho, a rapadura e o açúcar mascavo, produtos provenientes da cana-de-açúcar, só com processos que são diferentes.
A rapadura e o açúcar mascavo são de produção limitada. De acordo com Amorim, não dá pra ter esses produtos o ano inteiro. “Existe uma procura pequena por estes produtos. É uma minoria, classe b, classe a, então o produto é pouco consumido. E o preço é mais alto, porque é orgânico. Todos os nossos produtos são orgânicos”, afirma.
A opção por produção orgânica na propriedade de 90 hectares já chegou a render a empresa o título de segunda melhor cachaça orgânica do Brasil. “Preparamos a terra durante três anos para poder conseguir a produção orgânica [livre de agrotóxicos]. Mas, fomos recompensados. Existem oito alambiques no país em qualidade orgânica com o selo do IBD [Instituto Biodinâmico], entre 3000 alambiques em todo país, e a nossa empresa, mesmo com tão poucos funcionários, é a segunda melhor em qualidade orgânica”, explica Amorim.
O gosto pela cana-de-açúcar é herança de família. Segundo Amorim, seus bisavós eram senhores de engenho, em Pernambuco. “Nossos bisavós possuíam engenho. Crescemos com essas histórias. Meu irmão é apreciador de cachaça e a vontade de produzir um produto com qualidade fez com quem investíssemos na fábrica”, diz.
Da cana à cachaça
O processo do plantio a colheita para produção dos derivados da cana-de-açúcar é demorado. O produto orgânico necessita de cuidados especiais. Na produção de Junqueiro, por exemplo, a plantação ocorre a cada dois anos, com a terra sendo acompanhada por agrônomos e biólogos para que tudo seja reaproveitado.
Após a colheita e a moagem, é preciso escolher qual produto vai ser confeccionado, já que a cachaça precisa de um sistema e o mel, de outro. Do mel de engenho surgem as variações para o açúcar e para a rapadura. Após o surgimento do caldo de cana, um caminho longo é percorrido.
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- LUCIANO AMORIM - |
Cada processo será entendido de forma clara e simples no infográfico que está na próxima página. O caldo pronto segue para a moenda e passa para o decantador, um filtro que côa os bagaços que saem da moenda. Isto acontece até chegar na etapa onde fica só o liquido. A partir daí, o caldo desce para os taxos. “É um processo cuidadoso, pois precisamos verificar o brix da cana [teor de sacarose] Quando ele chega a 23 mostra que a cana está madura”, explica Amorim.
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Ingryd Brito |
“Para a produção da cachaça, o brix precisa ser cinco, então, a depender do produto, diminuímos o teor de sacarose de 23 para cinco. Para fazer o mel, a rapadura e o açúcar tem que ter concentração de Brix porque o caldo tem que cozinhar para poder evaporar e concentrar o brix, de forma que migre de 23 para 100 brix, ou seja, ficando ainda mais doce”, diz o gerente.
Brix alterado, a produção prossegue. “É fácil de entender, põe a cana na moenda, da moenda vai para o decantador, do decantador ele vai pra duas dornas, uma dorna é a da cachaça”, declara Amorim. Até chegar à dorna a matéria prima é igual, na dorna do mel vai acontecer a concentração de açúcar. No processo pela produção da cachaça, o contrário, a diluição. O taxo é o local onde, concentrando o brix, é produzido o mel, que desce para as máquinas diferentes: uma pra fazer açúcar e a outra pra fazer a rapadura.
De acordo com Amorim, estas etapas de fermentação dão lentidão à confecção dos produtos. “Quando ele [o caldo] sai da dorna de diluição, vai pra seis dornas de fermentação. Nas dornas de fermentação ela vai passar 24 horas para zerar o brix. Só quando zera é que vai para o alambique. Um processo lento”, afirma.
Após 24 horas de fermentação, a matéria deixa de ser caldo e passa a se chamar mosto ou vinho. O próximo passo é cozinhar para formar três tipos de cachaça: de cabeça, de coração e a água fraca. Todas elas obtidas após temperaturas que variam entre 120° e 45°. A cachaça de cabeça e a de água fraca possuem muitas toxinas e, por isso, não são utilizadas para a produção da cachaça que hoje é comercializada em Alagoas, Sergipe e Pernambuco.
Preocupados com a sustentabilidade, os produtores utilizam a cachaça de cabeça e de água fraca para a produção do álcool utilizado na higienização da fábrica. “Reaproveitamos todo nosso material. Fazemos o álcool 70 para uso interno por uma questão de sustentabilidade. No plantio orgânico, o adubo é o estrumo do gado, então, o bagaço da cana, as frutas, os galhos de árvores são usados na compostagem”, ressalta o gerente.
A empresa possui seis alambiques, cada um capaz de produzir 800 litros de cachaça, onde apenas 130 litros resultam na cachaça comercializada. “É uma produção cara. Toda a propriedade tem cerca viva, o que impede que produtos químicos sejam levados para a fábrica. Mesmo com poucos funcionários, sensibilizamos os pequenos produtores vizinhos sobre a utilização de bombas, por exemplo. Não queremos nenhum tipo de contaminação pelo ar”, diz.
Questionado sobre incentivo do governo estadual para a implantação da fábrica, Amorim é firme e objetivo. “Nosso projeto foi caro, em tempo e dinheiro. Trouxemos especialistas para preparar a terra e nestes cinco anos de empresa nunca obtivemos incentivo do governo. Mas mesmo assim somos o primeiro colocado em vendas no Estado e estamos conseguindo entrar nos estados vizinhos. Com dificuldade, mas, sozinhos”, finaliza.